A companhia norte-americana eResearch Technology (ERT), que vende software para ensaios clínicos – incluindo pesquisas de exames, vacinas e tratamentos para a Covid-19 – foi alvo de um ataque cibernético. De acordo com o The New York Times, o episódio atrasou o avanço de estudos nas últimas semanas.

Na sexta-feira (3), o vice-presidente de marketing da ERT, Drew Bustos, confirmou que um ransomware atingiu os sistemas da empresa em 20 de setembro. Este ataque caracteriza ocorrências em que hackers criptografam dados roubados de servidores de vítimas e solicitam um resgate em troca da chave para liberar os documentos.

Por precaução, a companhia desconectou temporariamente os sistemas afetados e convocou especialistas em cibersegurança independentes para analisar o caso. Segundo a ERT, os dados de pacientes envolvidos em testes clínicos não foram comprometidos.

O The New York Times aponta, no entanto, que clientes da plataforma tiveram que anotar dados de pacientes manualmente, com papel e caneta.

Entre as empresas que usam o serviço da eResearch Technology configura a IQVIA, organização de pesquisa que ajuda no gerenciamento dos testes de uma potencial vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.

Outro cliente da plataforma corresponde à Bristol Myers Squibb, uma fabricante de medicamentos que lidera um consórcio de companhias à frente da pesquisa de exames de diagnóstico rápido para a Covid-19. As empresas, no entanto, declararam ao jornal que conseguiram minimizar os impactos do ciberataque.

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Organização Mundial da Saúde que “há esperanças” sobre a disponibilidade de uma vacina contra o novo coronavírus ainda em 2020. Imagem: governortomwolf/CC

Sem detalhes

A ERT começou a reabilitar seus servidores na sexta-feira (3). Drew Bustos afirmou que ainda é muito cedo para identificar os agentes por trás do ataque e se recusou a dar detalhes sobre negociações com os cibercriminosos. A empresa também não revelou quantos ensaios clínicos podem ter sido prejudicados pelo ransomware.

O software da companhia é usado por clientes na Europa, Ásia e América do Norte. A plataforma foi aplicada nos testes de três quartos das substâncias aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA), instituição norte-americana equivalente à Anvisa no Brasil, em 2019.

Rede hospitalar também sofre ataque

Outro episódio recente de ransomware atingiu a rede hospitalar United Health Services, uma das maiores provedoras de serviços de saúde nos Estados Unidos. O ataque ocorreu no domingo (27) e desabilitou canais digitais e de telefonia da empresa em várias partes do país.

Há suspeitas de que o episódio foi deflagrado por um malware conhecido como Ryuk e associado a um grupo de cibercriminosos russo conhecido como Wizard Spider. A UHS afirmou que nenhum dado de pacientes ou funcionários da rede parece ter acessado, copiado ou comprometido de outra forma.

Via: The New York Times