Empresa é autorizada a vender pílula que ‘engana’ estômago para emagrecer

A pílula é feita de um hidrogel capaz de absorver até cem vezes o peso do usuário, a partir de uma mistura de celulose com ácido cítrico
Redação16/04/2019 12h56, atualizada em 16/04/2019 14h44

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Na segunda-feira (15/4), a Gelesis, empresa de biotecnologia com sede em Boston, anunciou que recebeu autorização da FDA (a versão norte-americana da Anvisa) para comercializar nos EUA a Plenity, uma pílula que engana o estomâgo para que ele sinta-se cheio mais rápido.

O tratamento foi projetado para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40. Porém, surpreende o fato de ter sido aprovado para utilização de pessoas com IMC 25, que é o limite para alguém ser considerado acima do peso. Antes dele, esse tipo de medicamento era indicado a pessoas consideradas obesas (IMC acima de 30).

Harry Leider, diretor médico da Gelesis, afirma que a pílula também é única por causa do seu funcionamento. “O que torna o Plenity diferente e único é o seu mecanismo de ação, que usa um hidrogel superabsorvente”, disse ele.

A pílula é feita de um hidrogel capaz de absorver até cem vezes o seu peso, uma mistura de celulose com ácido cítrico. Esse material, quando ingerido com a comida, expande-se no estômago e no intestino delgado, gerando uma sensação de “satisfação”, já que ela deixa menos espaço disponível nos órgãos.  “O corpo também não o absorve, por isso funciona completamente por sua ação mecânica e deixa o corpo em segurança”, ressaltou Leider.

Testes do medicamento

Os testes foram realizados com dois grupos de pacientes, somando mais de 400 pessoas com IMC entre 27 e 40. As pessoas do grupo que recebeu o Plenity conseguiram perder, em média, 6,4% do seu peso inicial em seis meses de tratamento em conjunto com dieta e exercício, enquanto a outra parte das pessoas, que recebeu um placebo, perderam, em média, 4,4% do peso inicial nas mesmas condições.

A diferença é significativa, mas modesta. É preciso ter em vista também que 60% das pessoas que tomaram o Plenity perderam pelo menos 5% do seu peso corporal, enquanto 27% perderam 10% ou mais do peso corporal. No grupo que tomou placebo, as estatísticas caem para 42% e 15%, respectivamente.

“Obesidade, provavelmente, não é apenas uma doença, mas muitas. Portanto, quase nenhum tratamento funcionará para todos”, disse Leider.

Uso do medicamento

O usuário deverá ingerir três pílulas do Plenity de 20 a 30 minutos antes do almoço e do jantar. O remédio estará disponível apenas sob prescrição, mas a Gelesis já tenta criar um programa de telemedicina, no qual os pacientes podem ser diagnosticados e preescritos com o tratamento, sem precisar ir ao médico, além de buscar liberação de receitas em médicos particulares.

Nos testes, não houve uma diferença significativa de efeitos colaterais entre os usuários do Plenity e do placebo -em ambos os grupos, aproximadamente 3% das pessoas relataram efeitos adversos sérios, embora a maioria tenha ocorrido no início e tenha durado menos de duas semanas. No entanto, sintomas gastrointestinais leves, como dor de estômago ou constipação, foram mais comuns em geral para pessoas que tomaram Plenity.

Portanto, o remédio não é recomendado para mulheres grávidas, pessoas com problemas digestivos e pessoas com alergia a ingredientes da pílula, principalmente celulose e ácido cítrico.

Apesar de não terem testado cientificamente, Leider ainda disse que o Plenity não tem efeitos perigosos mesmo se alguém, por acidente, ingerir mais de três capsúlas: “Apenas uma pequena porcentagem do líquido pode ser absorvido de uma vez”, explicou ele.

Lançamento

A empresa aind testará uma lote limitado do produto até o final de 2019, com planos de tê-lo disponível por todo os EUA no próximo ano. Apesar de não divulgar preços, a Gelesis afirmou que pretende tornar o medicamento acessível para todos.

A empresa também está realizando estudos clínicos para usar a mesma tecnologia do hidrogel, levemente modificada, para ajudar a tratar outras condições, como diabetes, doença hepática gordurosa não alcoólica e doença inflamatória intestinal.

Via: Gizmodo


Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital