Um vídeo no Instagram mostra o que aparenta ser o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, fazendo um breve pronunciamento sobre o poder do big data. “Imagine por um segundo: um homem com controle total sobre dados roubados de bilhões de pessoas; todos seus segredos, suas vidas e seus futuros. Eu devo tudo isso à Spectre. A Spectre me mostrou que quem controla os dados, controla o futuro.”
É claro que Zuckerberg jamais proferiu essas palavras. A obra audiovisual foi desenvolvida atráves do “deepfake”, uma técnica que usa inteligência artificial para criar vídeos de pessoas dizendo frases manipuladas. A tecnologia dá um caráter tão real à imagem que vem se transformando em uma verdadeira dor de cabeça para as redes sociais, no que se diz à necessidade de fiscalizar o conteúdo adulterado. Veja o vídeo abaixo:
Os artistas Bill Posters e Daniel Howe se juntaram à empresa de publicidade Canny para fazer o vídeo. Os algoritmos usam imagens reais de Zuckerberg, que são combinadas com os movimentos do rosto de outra pessoa para fazer parecer real. O vídeo original é de 2017 e trazia esclarecimentos de Zuckerberg sobre o papel do Facebook nas eleições russas. A Spectre, mencionada no vídeo, não é nada além de uma exposição de arte que ocorreu em Sheffield, no Reino Unido.
Facebook em silêncio
Proprietário do Instagram, o Facebook se recusou a comentar sobre o vídeo de Zuckerberg. A política da rede social declara que não remove notícias falsas, mas reduz seu alcance no site, bloqueia incentivos econômicos e mostra informações de checadores de fatos. “Queremos ajudar as pessoas a se manter bem informadas sem deixar de lado o discurso público produtivo”, afirma os Padrões da Comunidade do Facebook. “Existe uma linha tênue entre notícias falsas e sátiras ou opiniões.”
Esta não é a primeira vez que Zuckerberg aparece em uma produção manipulada. Em 2018, o cineasta Andrew Oleck postou um vídeo no Facebook que mostrava o CEO anunciando o desligamento da rede social, o que enganou alguns muitos usuários. O conteúdo, intitulado “Um mundo sem o Facebook”, foi visto mais de 32 milhões de vezes, mas atualmente não está disponível. Algumas versões, no entanto, ainda estão presentes no Facebook e no YouTube.
A rede social também se envolveu em uma grande polêmica, recentemente, ao rejeitar a remoção de um vídeo da Presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, da plataforma. O conteúdo em questão teve a velocidade diminuída para fazer a autoridade norte-americana soar e parecer bêbada, de acordo com a Vice.
Enquanto isso, os legisladores estão preocupados com o uso de deepfakes na eleição presidencial dos EUA em 2020. Na quinta-feira, o Comitê de Inteligência da Câmara deve realizar uma audiência sobre o assunto.
Fonte: CNet