Elon Musk, o bilionário fundador da Tesla e da SpaceX, está mais uma vez pagando por comentários feitos no Twitter. Após perder o cargo de presidente do conselho da sua montadora de carros elétricos, o empresário respondeu nesta semana a um processo por difamação.
Em julho, Musk tentou se envolver na operação de resgate de um grupo de 12 jovens jogadores de futebol e o seu treinador que ficaram presos numa caverna em Chiang Rai, na Tailândia. O empresário ofereceu às equipes de resgate uma cápsula feita por seus engenheiros e que poderia ajudar a salvar as vítimas.
O resgate foi um sucesso, mas sem a ajuda de Musk. A cápsula ficou pronta quando a maioria dos jovens já tinha sido resgatada. O empresário chegou a ir pessoalmente à base da operação na Tailândia para oferecer o que ele chamava de “mini submarino” – segundo ele, uma oferta gratuita. Mas a operação terminou e o dispositivo não foi utilizado. Segundo as autoridades, ele não era funcional.
Depois disso, Musk entrou em uma discussão com um dos mergulhadores envolvidos na operação, o britânico Vernon Unsworth, através do Twitter. Para ele, a ideia de criar um mini-submarino para tirar as crianças do fundo da caverna era apenas um “golpe de relações públicas”, e o plano “não tinha chance de funcionar” no contexto em que eles estavam.
Ao responder o mergulhador, Musk sugeriu num Tweet que Unsworth era “pedófilo”. Tempos depois, o empresário pediu desculpas e disse ter agido com raiva após ter recebido críticas “mentirosas” por ter construído um submarino infantil em um “ato de bondade”. Isso não impediu Unsworth de abrir um processo contra o bilionário em agosto.
Nesta semana, os advogados de Musk entraram com um pedido no Tribunal de Justiça da Califórnia, onde o processo corre, para que o caso seja arquivado. De acordo com a equipe de defesa do empresário, o que se diz no Twitter não deve ser levado a sério.
Segundo a moção apresentada pelos advogados de Musk, as pessoas que leram seus tweets “sabiam desde o início” que os insultos “não tinham intenção de ser declarações de fato”. Além disso, eles argumentam que o Twitter é “um website famoso por injúrias e hipérboles” e que os comentários de Musk são protegidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que define a liberdade de expressão.
O mergulhador Vernon Unsworth respondeu ao site Ars Technica que a tentativa de desqualificar as acusações de Musk são “frívolas” e disse que está confiante que a Justiça vai descartar o pedido de arquivamento do processo.
Outros casos de Elon Musk no Twitter
Desde outubro, Elon Musk não é mais presidente do conselho da Tesla graças a um tweet. O executivo deixou o cargo mais alto da companhia que ele mesmo fundou após chegar a um acordo com a Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), que instaurou um processo contra ele por fraude.
Em 7 de agosto de 2018, Musk postou uma mensagem no Twitter dizendo que pretendia retirar a Tesla da bolsa de valores. “Estou considerando tornar a Tesla privada a $420. Financiamento garantido”, ele escreveu. Dias depois, ele voltou atrás publicando um comunicado oficial.
Além disso, o próprio Musk confirmou à SEC que o preço por ação que ele calculou, 420 dólares, foi uma piada, uma “referência à maconha” pensada para “divertir a namorada”, a cantora Grimes. Tudo isso rendeu ao empresário uma acusação de fraude e de indução de investidores ao erro.
Musk continua como CEO da Tesla. Mas, a partir de agora, seus posts no Twitter deverão ser acompanhados de perto por um advogado ou por uma equipe responsável por “implementar controles e procedimentos adicionais para supervisionar as comunicações de Musk”.