Doria diz que todos os moradores de SP estarão vacinados contra Covid até fevereiro

Após defender que CoronaVac fosse distribuída nacionalmente pelo SUS, o governador agora dá a entender que paulistas podem ter prioridade
Renato Santino22/09/2020 00h40

20200406062408

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O governador de São Paulo João Doria voltou a fazer promessas sobre a distribuição da CoronaVac, a vacina contra Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e testada no Brasil em uma parceria com o estado. Segundo ele, os moradores de São Paulo estarão todos vacinados em fevereiro de 2021.

“Aos brasileiros de São Paulo, sim, garanto que teremos a vacina, a CoronaVac, para atender a totalidade da população de São Paulo, já ao final deste ano e ao longo dos dois primeiros meses de 2021, e vamos imunizá-los”, declarou o governador.

A declaração otimista contradiz o que Doria e o Instituto Butantan, que ficará responsável pela produção da CoronaVac no Brasil, diziam sobre a vacina até o momento. Até agora, a promessa era de que os frutos da pesquisa seriam fornecidos ao Ministério da Saúde para distribuição nacional, e não direcionados para os paulistas.

Pelos planos atuais do Butantan, 100 milhões de doses da CoronaVac podem estar disponíveis para utilização no Brasil a partir de maio de 2021. Isso seria, sim, o bastante para fornecer duas doses por cidadão de São Paulo, já que a população do estado já está na faixa de 46 milhões. No entanto, o prazo de Doria não condiz com a previsão para maio.

Além disso, também não há qualquer garantia neste momento de que a CoronaVac funciona. A expectativa é de que a pesquisa possa ser apresentada para a Anvisa para aprovação a partir do fim de outubro, nas palavras de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. No entanto, os pesquisadores não têm como acelerar os resultados da fase 3 de testes, que responde se a vacina é realmente eficaz.

A confirmação de eficácia da CoronaVac (e de qualquer outra vacina) depende de os voluntários se exporem ao vírus e contraírem a doença, o que está fora do controle dos cientistas, que não podem eticamente infectar propositalmente um ser humano para conferir se a fórmula funciona. Esse prazo pode ser encurtado ou prolongado apenas pela sorte: se mais voluntários se infectarem antes, mais rápida será a resposta. As únicas estratégias para acelerar o processo são aumentar o número de participantes e escolher pessoas que têm mais chances de contágio, como profissionais da saúde.

Outras vacinas em pesquisa tiveram seu protocolo aberto, que tornam mais transparente o que os pesquisadores esperam ver para declarar o estudo um sucesso, ainda que em fase preliminar. Pfizer, Moderna e AstraZeneca detalharam todas que esperam entre 150 e 164 casos de Covid-19 divididos entre o grupo que recebe o composto ativo e o grupo placebo, para poder declarar sucesso, mas com “checkpoints” no meio do caminho que permitirão uma análise preliminar, que podem atestar se a vacina é ou não eficaz mesmo antes do encerramento dos estudos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital