Criptomoeda do Facebook pode ser promovida pela China

Mark Zuckerberg tentou tranquilizar parlamentares norte-americanos sobre a moeda digital Libra, mas governos temem pela privacidade
Equipe de Criação Olhar Digital23/10/2019 22h20

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Nesta quarta-feira (23), o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, buscou tranquilizar os parlamentares americanos a respeito da nova criptomoeda de sua empresa, a Libra. Segundo ele, a moeda digital será uma força para o bem, capaz de reduzir os custos de pagamentos eletrônicos e ajudar mais pessoas a participarem do sistema financeiro mundial.

Na audiência, realizada pelo Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, Zuckerberg tentou convencer os congressistas de que a Libra beneficiará milhões de pessoas, principalmente aqueles que não têm acesso a uma economia estável. Para reforçar seus argumentos, disse que a tecnologia poderá ser promovida pelo Partido Comunista da China, caso não seja desenvolvida por uma empresa americana.

A Associação Libra, encabeçada pelo Facebook, atraiu críticas de diversas autoridades regulatórias ao redor do mundo. Privacidade de usuários, o impacto no mercado financeiro e o potencial para lavagem de dinheiro são algumas das preocupações, levantadas pela deputada Maxine Waters, do partido democrata. Após a fala de Zuckerberg, o Bitcoin atingiu seu menor nível desde maio, no valor de 7.300 dólares.

O CEO reconheceu os erros de sua empresa, mas reforçou que eles não devem ficar no caminho da Libra. Em abril do ano passado, Zuckerberg teve de ir ao Congresso dos Estados Unidos para dar explicações a respeito do vazamento de dados dos usuários para a empresa Cambridge Analytica, situação que gera controvérsias até hoje.

Anunciado em junho, o projeto reúne mais de 20 empresas na chamada Associação Libra. O plano era lançar a moeda ano que vem, mas o próprio Zuckerberg sabe das dificuldades. “Acredito que isso é algo que precisa ser construído, mas entendo que não sou o mensageiro ideal no momento”, disse ele, em seu discurso de abertura.

“Enfrentamos muitos problemas nos últimos anos, e tenho certeza que as pessoas desejam que seja qualquer um, menos o Facebook, que esteja ajudando a propor isso. Mas há uma razão pela qual nos preocupamos. E isso porque o Facebook é sobre colocar o poder nas mãos das pessoas”, completou o executivo, admitindo as falhas do passado.

Os defensores do projeto afirmam que as transações poderão ser checadas e verificadas por qualquer pessoa, tornando o sistema seguro e transparente. Até o momento, criptomoedas são um produto de nicho. A ideia do Facebook é expandir seu uso, mas ainda não se sabe exatamente como isso implicaria na economia global.

Os danos à imagem da empresa são outro ponto de dificuldade, o que levou o Facebook a dizer que não é o dono da Libra. No entanto, poucos querem esse título. No mês passado, as duas principais bandeiras de cartão de crédito, Visa e Mastercard, além do sistema de pagamentos PayPal, deixaram a associação. Fontes afirmaram à imprensa que as empresas estão preocupadas com a investigação dos reguladores, e criticam o fato de o Facebook não ter se preparado antes.

O PayPal, primeiro a sair do projeto, tinha interesse em integrar o sistema de pagamentos à rede de mensagens Facebook Messenger, assim como o WeChat fez na Ásia. Curiosamente, David Marcus, ex-presidente do PayPal e que agora lidera o Messenger, foi quem teve a ideia da moeda. Assim como Zuckerberg, ele também teve de enfrentar as duras críticas do Congresso.

Via: UOL