A partir do dia 6 de março, suas compras online podem ficar mais caras. Isso se deve ao fato de que os Correios anunciaram um reajuste médio de 8% no frete, o que tornaria o transporte das encomendas mais caro.
A mudança foi anunciada nesta terça-feira, 27, e o percentual de 8% se refere especificamente a objetos postados entre capitais brasileiras e nos âmbitos local e estadual. A estatal não deu detalhes sobre qual será o impacto em outros tipos de entrega.
O Mercado Livre, empresa de comércio eletrônico que depende profundamente dos serviços dos Correios, se mostrou bastante insatisfeito com a alteração. Segundo a companhia, o aumento de 8% anunciado conta apenas uma parte da história: o aumento de preço pode chegar a até 51% dependendo das localidades envolvidas na entrega.
“O aumento máximo do frete acontecerá justamente para vendedores que moram ou atendem clientes fora dos grandes centros, podendo chegar a 51%. Quer um exemplo? O valor de frete de um produto enviado de São Paulo para Joinville, que hoje custa cerca de R$ 40,00, passará a ser R$ 57,00”, diz o site da campanha #FreteAbusivoNão, que tem ganhado força nas redes sociais. O Mercado Livre também questiona o peso desse reajuste diante de uma inflação sob controle, visto que o IPCA acumulado de 2017 não chegou a 4%, o que por si só já é bem abaixo dos 8% de reajuste entre grandes centros urbanos.
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Os Correios, por sua vez, afirmam que o reajuste é parte de uma revisão anual dos preços, “baseada no aumento de custos relacionados à prestação de serviços, incluindo transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustíveis, contratação de recursos para segurança, entre outros”.
ATUALIZAÇÃO: Os Correios enviaram um comunicado ao Olhar Digital sobre o tema e a campanha do Mercado Livre. Segue o posicionamento da estatal na íntegra:
Sobre a campanha realizada pelo Mercado Livre em suas redes sociais a respeito do ajuste de preços que será aplicado pelos Correios a partir de 6 de março para os clientes de contrato, os Correios esclarecem:
Ao contrário do que foi divulgado, o reajuste não será de “até 51% no frete dos produtos a todos que compram e vendem pela internet”. A média será de apenas 8% para os objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual, que representam a grande maioria das postagens realizadas nos Correios.
Cabe ressaltar que o reajuste não é para os preços de e-commerce, mas para os serviços de encomendas dos Correios, também utilizados pelo e-commerce. Trata-se de uma revisão anual, a exemplo do previsto em contrato. A definição dos preços é sempre baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros.
Comparar o preço de frete praticado no Brasil com os países vizinhos, como faz a nota, é tendencioso e pode levar o consumidor a acreditar em uma falsa premissa. O maior dos países citados – a Argentina – tem cerca de um terço da extensão territorial do Brasil e 40% de toda a sua população concentrada na região metropolitana de Buenos Aires. A maior cidade brasileira, por sua vez, tem 10% da população do país. Outro exemplo citado na nota, a Colômbia, é cerca de seis vezes menor que o Brasil. Os desafios de transporte em um país com dimensões continentais são muito maiores e os custos para manter a presença dos Correios em todo o território nacional são altíssimos.
Os contundentes problemas relacionados à segurança pública em diversas localidades do país também são pontos que merecem ser destacados. Conforme amplamente divulgado pelos veículos de comunicação, no Rio de Janeiro a situação de violência chegou a níveis extremos e o custo para entrega de mercadorias nessa localidade sofreu altíssimo impacto, dadas as medidas necessárias para manutenção da integridade dos empregados, das encomendas e até das unidades dos Correios. Por esse motivo, foi estabelecida uma cobrança emergencial de R$ 3,00 para os envios destinados à cidade do Rio de Janeiro, cobrança essa que poderá ser suspensa a qualquer momento, desde que a situação de violência seja controlada. Vale esclarecer que essa cobrança já é praticada por outras transportadoras brasileiras desde março de 2017.
Os Correios ressaltam que a parceria com o e-commerce brasileiro é de extrema importância para a empresa. Parceria que, inclusive, viabiliza a atividade de inúmeras micro, pequenas e médias empresas que vendem pela internet devido à oferta de pacotes de benefícios dos Correios exclusivos para os marketplaces brasileiros, incluindo reduções de preço que chegam a mais de 30% no SEDEX e 13% no PAC quando comparado aos preços à vista.
Também em função dessa parceria, a empresa mantém uma Política Comercial com uma estratégia de precificação que segue a lógica do mercado e, mesmo com os aumentos de custos, buscou o menor impacto possível nas praças mais relevantes para o e-commerce brasileiro.
Por fim, essa revisão mantém os Correios competitivos em seus preços praticados no Brasil inteiro, garantindo sua presença em todo o território nacional.
ATUALIZAÇÃO 2: Diante da manifestação dos Correios, o Mercado Livre enviou ao Olhar Digital o seguinte comunicado, reproduzido abaixo na íntegra:
Ao contrário do que os Correios informaram em posicionamento ontem, o Mercado Livre reforça, novamente, que existem diversas rotas entre cidades fora dos grandes centros que terão um aumento de até 51% no valor do frete. Como as encomendas são entregues em âmbito nacional, não somente entre capitais, o aumento mínimo será de 8% (relativo a envios de capitais para capitais), e a média será de 29%. A título de comparação, fizemos estimativas baseadas no reajuste proposto pelos Correios, tanto para envios entre capitais quanto entre cidades distantes dos grandes centros. Uma postagem de um objeto que pese até 500g, via PAC, e tenha como origem São Paulo-SP e destino Brasília-DF, passará a custar, de R$14 para R$15 (8%). Já um envio de um produto de até 500g que saia de Caxias do Sul-RS e seja enviado, via PAC, para Recife-PE passará a custar de R$ 54 para R$ 82, ou 51% a mais.
Com a postura de levar em conta apenas os envios entre capitais, os Correios ignoram o fato de que o Brasil tem mais de 207,6 milhões de habitantes e, desse total, apenas 24% residem nas capitais, segundo levantamento do IBGE divulgado em agosto de 2017. Logo, o reajuste para encomendas nacionais impactará principalmente os moradores de cidades mais distantes dos grandes centros, indo contra a democratização do comércio e prejudicando milhões de compradores e vendedores que atuam no setor.
Reafirmamos ainda que o Brasil é o país mais caro da América Latina em termos de frete. A comparação entre países que apresentamos (no comunicado inicial sobre a campanha) leva em consideração o envio de um pacote de 500g e a mesma distância de envio (500 KM) dentro desses países, independentemente da extensão de cada um deles.