Como um vazamento de hélio fez todos os iPhones de um hospital pifarem

Renato Santino31/10/2018 01h07, atualizada em 31/10/2018 12h30

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Imagine essa situação: você é um funcionário do setor de TI de um hospital e, de repente, começa a receber dezenas de reclamações iguais: “meu iPhone parou de funcionar do nada”. O que você faria? Provavelmente a última coisa que passaria pela sua mente é de que um vazamento de hélio seria responsável por “envenenar” todos os produtos da Apple no ambiente.

O caso foi relatado por Eric Woolridge, um administrador de sistemas, em um post no Reddit. Como naquele dia 8 de outubro, o hospital estava passando por uma instalação de uma máquina de ressonância magnética, ele presumiu que fosse algum pulso eletromagnético interferindo nos aparelhos. O problema desta teoria: apenas 40 iPhones e outros produtos da Apple estavam sendo afetados, e caso o problema fosse magnetismo nenhum eletrônico estaria funcionando.

Os aparelhos em questão simplesmente deixaram de responder. Nem sequer davam sinais de vida quando colocados para carregar. Foi só posteriormente que ele descobriu que a instalação de uma máquina de ressonância magnética inclui grandes quantidades de gás hélio, que acabou vazando para o resto do hospital. Posteriormente, ele realizou um teste em vídeo colocando um iPhone em um saco plástico cheio do gás e observou algo interessante: o cronômetro do celular começou a avançar cada vez mais rápido, até que o aparelho finalmente travou.

O site iFixit, especializado em desmontagens e reparos de celulares, ofereceu uma explicação para essa curiosa “alergia” do iPhone ao hélio. Tudo tem a ver com chips de silício MEMS (sigla para “sistemas microeletromecânicos”), que são aproveitados no barômetro e no acelerômetro do celular. O grande problema é que os átomos de hélio são pequenos o bastante para confundir esses sistemas.

Diante disso, como explicar que o iPhone foi afetado e outros aparelhos não? A justificativa é que a Apple adotou o silício MEMS também no relógio do iPhone, abandonando o quartzo, que é mais convencional. Ao fazer isso, o aparelho ficou altamente vulnerável ao hélio, porque o relógio é fundamental para fazer o processador funcionar de forma adequada. A própria Apple sabe disso e inclui a informação no manual, afirmando que expor o iPhone a altas concentrações de gases como o hélio pode afetar o funcionamento do aparelho.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital

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