Como os EUA previram o ataque de mísseis contra bases no Iraque

País possui tecnologia que detecta a decolagem de um míssil assim que ele é lançado; sistema de proteção também permite calcular a trajetória exata do objeto
Luiz Nogueira09/01/2020 15h54, atualizada em 09/01/2020 16h30

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Na terça-feira (7), o Irã lançou mísseis contra duas bases militares iraquianas que abrigavam soldados americanos. A investida foi uma retaliação ao ataque dos EUA, que matou Qaem Soleimani, um general iraniano de alto escalão. De acordo com Donald Trump, presidente dos EUA, o ataque feito pelo Irã não vitimou nenhuma vida americana ou iraquiana. Isso foi possível graças a um avançado sistema de detecção de ameaças.

Os EUA têm uma vasta rede de radares e satélites dedicados ao rastreamento de lançamentos de mísseis em todo o mundo. Isso permitiu que as tropas presentes na base pudessem se proteger a tempo do ataque.

Embora os métodos para detecção de um míssil não tenham mudado muito com o passar dos anos, os sistemas que existem atualmente se tornaram muito mais precisos e responsivos no alerta.

Atualmente, um dos maiores avanços no campo de prevenção de ataques são os sistemas espaciais, que vigiam os lançamentos de mísseis em todo o mundo. Os EUA possuem quatro satélites infravermelhos para rastreamento. Eles estão localizados em órbitas geossíncronas – o que significa que nunca mudam de posição em relação à superfície da Terra.

No caso do ataque iraniano, foi quase certo de que um desses satélites detectou a ameaça e alertou os militares de que os mísseis estavam a caminho. Depois que um satélite detecta um possível lançamento, um alerta é disparado no Centro de Alerta de Mísseis, mantido pelo Comando Espacial dos EUA na Estação da Força Aérea de Cheyenne Mountain, no Colorado.

Com o aviso, os militares começam a trabalhar para determinar se a ameaça é legítima, e estipular sua trajetória. Com essas informações em mãos, o Space Command pode determinar se uma interceptação do míssil é possível e necessária.

O tempo para que todos esses processos sejam concluídos depende do local e do objetivo do lançamento. No caso do ataque iraniano, oficiais dos EUA informam que o aviso foi feito alguns minutos antes do impacto. Nenhuma tentativa de interceptação foi feita, a ordem foi para que as tropas se dispersassem.

O sistema de alerta dos EUA funciona muito bem para mísseis balísticos, como os usados pelo Irã, cujas trajetórias podem ser calculadas com um grau extremamente alto de precisão quando lançadas. Entretanto, os sistemas não estão preparados para lidar com novas ameaças.

Mísseis avançados são capazes de mudar de trajetória no meio do voo, o que significa que ele pode não estar no mesmo lugar de impacto previsto. Alguns outros países possuem os chamados “veículos planadores hipersônicos” que decolam como um míssil normal e deslizam pela atmosfera em altitudes relativamente baixas.

Foto: EPA

A defesa, contra a combinação, requer a capacidade de rastrear continuamente um míssil que está modificando seu curso e voando em altitudes relativamente baixas. No momento, é uma espécie de ponto cego para o sistema de alerta precoce dos EUA.

O Departamento de Defesa dos EUA está ciente dessas deficiências e realiza um esforço conjunto para atualizar sua tecnologia. Em 2018, a Força Aérea concedeu à Northrop Grumman um contrato de US$ 866 milhões, por cinco anos, para atualizar três sistemas de radar de aviso em terra nos EUA.

No ano passado, o Congresso aprovou uma transferência de orçamento de US$ 160 milhões para acelerar o desenvolvimento de uma nova geração de cinco satélites de rastreamento de mísseis, o primeiro dos quais deve ser lançado em 2025. O ataque com mísseis iranianos foi um lembrete grave da importância de um sistema robusto de alerta precoce.

Via: Wired

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital