Como o Pinterest se tornou um sobrevivente no apocalipse das redes sociais

Redação26/09/2018 21h38, atualizada em 26/09/2018 22h30

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Redes sociais já não estão mais tão em alta quanto estiveram no passado. A maior delas, o Facebook, tem visto saída de usuários e números estagnados; o Twitter perdeu recentemente 1 milhão de usuários em sua terra natal, os Estados Unidos; e o Snapchat, visto anteriormente como um promissor rival capaz de superar o Facebook, perdeu 3 milhões de usuários diários.

No meio desse cenário de “apocalipse” das redes sociais, uma startup tem sobrevivido, de forma tímida, sem chamar muita atenção, mas de maneira economicamente saudável. Ao contrário da concorrência, esta plataforma tem, de fato, crescido, ainda que bem mais lentamente. Estou falando do Pinterest.

O Pinterest é uma rede social de compartilhamento de fotos e imagens diversas, numa mistura de Tumblr e Instagram. O aplicativo foi criado em 2010 e, ao contrário de outros do seu tempo, não se rendeu aos encantos (e ao dinheiro) do conglomerado de Mark Zuckerberg. O que parece ter sido a escolha certa.

Em 10 de setembro, o Pinterest anunciou um acréscimo de 50 milhões de usuários em apenas um ano, chegando a 250 milhões de usuários mensais. Como Evan Sharp, o criador e CEO da plataforma, disse no anúncio oficial, o número é maior do que a população total do Brasil, segundo os dados mais recentes.

“Num momento em que a internet pode parecer cada vez mais negativa e politizada, achamos incrível que um quarto de bilhão de pessoas esteja optando por gastar seu tempo no Pinterest, um lugar que as ajuda a se sentirem positivas e otimistas em relação ao futuro”, escreveu Sharp num post no blog oficial da empresa.

O momento é mesmo negativo para as redes sociais. O Facebook é dono dos quatro apps mais baixados do mundo no Android, mas tem sido alvo de críticas vindas de todos os lados. Em parte por ter proporcionado a proliferação de discurso de ódio, parte por ter dado maior alcance a notícias falsas e também por ter deixado que dados de milhões de pessoas fossem violados por outras empresas.

A única rede social grande que mantém bons resultados é o Instagram. Três meses atrás, o app – que também pertence ao Facebook – alcançou a marca de 1 bilhão de usuários, 800 milhões a mais do que em setembro do ano passado. Não surpreende que seja a rede social mais parecida com o Pinterest na proposta de foco em imagens.

Reprodução

Porém, o Instagram também tem dado sinais de que o reinado pode acabar. A rede social já foi flagrada servindo de difusora de fake news, pornografia e inúmeros golpes. Os dois criadores do app, que lideraram o crescimento dele nos últimos anos, também anunciaram sua saída nesta semana, o que deixa o futuro da plataforma em aberto.

O Pinterest, por sua vez, parece ter encontrado a chave para se manter ligeiramente “limpo” – ou, pelo menos, mais limpo do que os concorrentes. O app também possui trolls, golpes e postagens apelativas como qualquer canto da internet. Mas, de um bom tempo para cá, a empresa passou a reduzir o foco na parte “social” e passou a concentrar esforços na parte “inspiracional”.

A ideia é que o Pinterest seja usado por pessoas que buscam ideias – de tatuagens, de trabalho ou de arte. Tem menos a ver com uma disputa por atenção e audiência, e mais a ver com o compartilhamento discreto de imagens e conceitos que servem de referência para o próprio usuário, e não para os seus seguidores.

Não é à toa que o Pinterest encontrou aí a chave para a monetização da plataforma. A rede social vende espaço publicitário para anunciantes interessados em vender aquilo que os usuários veem e compartilham em seus murais – ou seja, aquilo que as pessoas já querem comprar.

Além disso, a cultura interna do Pinterest enquanto startup é bem diferente da de outras empresas do Vale do Silício. Ben Silbermann, cofundador e CEO da rede social, é um executivo discreto, que raramente dá entrevistas e aparece muito pouco na mídia, característica que toda a sua equipe assumiu, e bem diferente de Uber, Facebook ou outras jovens gigantes.

Scott Belsky, um dos primeiros investidores do Pinterest, definiu bem o perfil do CEO. “Ele está muito confortável sendo incompreendido e subestimado”, disse ele ao New York Times. A isto, Silberman concordou: “é alguma coisa!”, disse, acrescentando que, se os usuários estão satisfeitos, “os negócios vão dar certo”.

Analistas preveem que o Pinterest deve faturar US$ 700 milhões ao final deste ano, um aumento de 50% em relação a 2017. Há rumores de que a empresa vai se tornar pública no ano que vem. “Se o Pinterest continuar sua trajetória, poderá mudar a narrativa a respeito do que é preciso para construir uma empresa de sucesso no Vale do Silício”, definiu o NYT.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital