Em 2015, a Major League Baseball (MLB) – a liga profissional de baseball dos EUA – fez um acordo com a Amazon Web Services (AWS), divisão de cloud computing da Amazon, para melhorar a análise de performance dos jogadores. A partir, foi criada uma aplicação chamada MLB Statcast AI, que, a partir das imagens geradas pelas câmeras das partidas, usa técnicas de machine learning e inteligência artificial para gerar dados de performance dos atletas envolvidos nas partidas. Com a ferramenta, é possível analisar a velocidade deslocamento de um corredor, velocidade da bola, a forma como o jogador se movimenta e até mesmo prever o percentual de sucesso para o roubo de uma base (jogada essencial do baseball). E para completar, todas essas informações são compartilhadas com os fãs do esporte, por meio da transmissão da TV (ou streaming) ou pelo aplicativo oficial da liga.
A iniciativa chamou a atenção da National Football League (NFL) – a liga profissional de futebol americano – que criou uma ferramenta similar, também com a AWS: a Next Gen Stats. Também usando o machine learning e a inteligência artificial, a solução analisa a movimentação dos atletas durante um jogo para prever as formações que serão usadas pela defesa e ataque, as rotas que cada jogador vai percorrer e o percentual de chance de completar uma jogada (ou ser parado pela defesa). Tudo também devidamente exibido aos fãs.
E se os brasileiros não são exatamente grandes fãs de baseball e futebol americano, agora, um esporte bem familiar a nossa população é o próximo a ser invadido pela Internet das Coisa e a Inteligência Artificial: a Fórmula 1.
Alvo prioritário: os EUA
Mas antes de explicarmos como essas tecnologias invadirão de vez a Fórmula 1, é importante contextualizar: em 2016, a Liberty Media Corporation comprou a modalidade em um acordo de US$ 8.7 bilhões. E uma das prioridades da empresa após a compra era modernizar a F1 como entretenimento, ampliando o seu nível de interatividade.
E para isso, um dos objetivos dos novos donos da F1 era direto e reto : conquistar o mercado dos EUA, cujo público é muito mais afeito a categorias como Nascar e Fórmula Indy e não dá muito bola à Fórmula 1, considerada “europeia” demais no país. E uma das armas para ganhar essa disputa são justamente as estatíticas, que os norte-americanos adoram e consomem aos montes. E é aí que entra a associação entre a Liberty e a AWS e que atende pelo nome de F1 Insights.
Os números que determinarão o vencedor
Apresentado oficialmente na última quarta-feira (28/11), na Re:Invent 2018* – evento especializado em soluções de cloud computing na AWS – o F1 Insights trará inúmeras estatísticas e análises de performance dos carros durante uma corrida. Ele exibirá dados em tempo real como estado dos pneus, temperatura, consumo de combustível, peso, vento, aceleração em curvas, entre outros fatores. Confira abaixo uma demostração da aplicação:
“Os carros e equipes de Fórmula 1 geram milhares e milhares de dados a partir dos sensores e câmeras instalados nos veículos e que, geralmente, ficam restritos às equipes, até por uma questão estratégica”, afirmou Hermann Pais, Head de Digital Marketing para produtos de Infraestrutura da Amazon Web Services. “Agora, a F1 Insights pegará todas essas informações e começará a compilá-las. A seguir, tecnologias como Internet das Coisas e Machine Learning entram em ação e passam a fazer a análise de todos esses dados. E o resultado final desse processo é que será possível, por exemplo, mostrar ao público, em tempo real, os efeitos de desgaste dos carros durante a prova; prever as possibilidades de ultrapassagem; quando os competidores devem parar nos boxes e até mesmo quem tem maiores chances de vencer a corrida. Tudo com antecedência”.
A exemplo da MLB Statcast AI e da Next Gen Stats, o F1 Insights trará todas essas informações em gráficos de fácil compreensão do público, indicando quais partes do carro de Fórmula 1 estão sendo analisadas. A entidade que controla a F1 já fez vários trials da ferramenta – que também foram usados pelas equipes da modalide. A AWS não divulgou quando a primeira versão do F1 Insights será exibida ao público, mas a expectativa é que a aplicação faça sua estreia em 2020.
*O jornalista Rui Maciel viajou para Las Vegas à convite da Amazon