A Apple anunciou durante o evento “One More Thing”, realizado virtualmente nesta terça-feira (10), os primeiros Macs equipados com seus próprios processadores, apelidados de “Apple Silicon” (Silício da Apple), em referência ao elemento químico que é a base de toda a nossa tecnologia. É uma transição tão significativa quanto a migração da arquitetura PowerPC para a plataforma x86 da Intel em 2006, e o começo de uma nova era para a plataforma.
Os novos Macs são equipados com o novo processador M1, baseado na arquitetura ARM. Ele é equipado com 8 núcleos e produzido em um processo de 5 nanômetros. Segundo a empresa, o chip tem “os núcleos mais rápidos do mundo” e a “a melhor performance por watt”, igualando o desempenho dos chips usados nos Macs atuais e consumindo 1/3 da energia.
A empresa está tirando proveito de mais de uma década de experiência em dispositivos móveis e promete uma família de chips com baixo consumo de energia, GPUs de alto desempenho, núcleos otimizados para inteligência artificial (Neural Engine) e avançados algoritmos para captura e processamento de imagem, que podem ser usados tanto para melhorar a qualidade de imagem de webcams quanto para implementar sistemas de segurança biométrica como o FaceID.
MacBook Air
Um novo MacBook Air é o primeiro Mac equipado com o processador M1, e segundo a Apple é 3,5 vezes mais rápido que modelo anterior, equipado com um processador Intel. O desempenho gráfico é 5 vezes superior. Na verdade, segundo a Apple, o novo MacBook Air é mais rápido que 98% dos PCs vendidos no ano passado.
Graças ao novo chip, o novo Air tem uma autonomia de até 15 horas em navegação na web, e 18 horas na reprodução de vídeo. Tudo isso com dissipação passiva, ou seja, não é necessária uma “ventoinha” para retirar o ar quente de dentro do computador, o que o torna completamente silencioso.
O novo MacBook Air custará a partir de US$ 999 nos EUA, na configuração com tela de 13″ e resolução de 2560 x 1600 pixels, 8 GB de RAM e SSD de 256 GB. Todos os modelos tem duas portas híbridas Thunderbolt 3 / USB 4, saida de fones de ouvido, interfaces Bluetooth 5.0 e Wi-Fi 6, sensor TouchID, webcam FaceTime HD com resolução 720p e podem ser conectados a um monitor externo com resolução nativa de até 6K a 60 Hz.
O novo MacBook Air com processador Apple M1. Foto: Apple
Mac Mini
O Mac Mini é outra máquina que ganha o processador M1, algo natural já que os kits de desenvolvimento disponibilizados aos programadores desde junho deste ano eram baseados em um Mac Mini com o processador A12Z usado nos iPad.
A Apple afirma que o novo Mac Mini tem três vezes o desempenho do modelo anterior, equipado com um processador Intel Quad-Core, e seis vezes o desempenho gráfico. Na verdade, segundo a empresa, ele tem 5 vezes o desempenho do PC desktop mais vendido na mesma faixa de preço, a partir de US$ 699.
Por este preço você leva uma máquina configurada com o processador M1, 8 GB de RAM, SSD de 256 GB, interfaces Wi-Fi 6, Bluetooth 5 e Gigabit Ethernet, duas portas USB 3.1, duas portas híbridas Thunderbolt 3 / USB 4, saída de fones de ouvido e uma saída HDMI 2.0.
Mac Mini com processador M1. Mesmo design compacto, porém mais poderoso. Foto: Apple
MacBook Pro
O MacBook Pro com tela de 13″ também recebeu um upgrade. A máquina mantém o design da geração atual, mas graças ao novo chip tem desempenho 2,8 vezes superior ao modelo atual, com uma GPU que é cinco vezes mais rápida. Já em aplicações de IA que dependem de aprendizado de máquina (ML) o ganho é ainda maior: 11 vezes.
Mas o principal destaque dos novos MacBooks é a autonomia de bateria, que segundo a Apple chega a 20 horas de navegação na web e 17 horas de reprodução de vídeo. O preço é de US$ 1.299, ou US$ 1.199 para consumidores no mercado educacional, como estudantes e professores.
A configuração básica inclui o processador M1, tela de 13″ com resolução de 2560 x 1600 pixels, 8 GB de RAM, SSD de 256 GB, duas portas híbridas Thunderbolt 3 / USB 4, saida de fones de ouvido, teclado iluminado, interfaces Bluetooth 5 e Wi-Fi 6 e webcam FaceTime HD com resolução 720p.
MacBook Pro com o processador Apple M1. Foto: Apple
E o software?
Os novos Macs rodam o mac OS Big Sur. O sistema inclui um emulador chamado Rosetta 2, que segundo a Apple é capaz de rodar de forma transparente a maioria dos programas escritos para os atuais Macs com processador Intel “sem prejuízo no desempenho”. Isso foi demonstrado durante a WWDC 2020, em junho deste ano, com a versão Intel do jogo “Shadow of the Tomb Raider” rodando em um Mac com processador RM.
A mesma tecnologia do Rosetta 2 será usada em um sistema de virtualização que permitirá que usuários rodem em Macs ARM sistemas operacionais feitos para processadores Intel, como o Linux. Não foi feita menção ao Windows (algo possível hoje com software de terceiros, como o Parallels Desktop), mas há a possibilidade. Vale lembrar que a Microsoft também tem uma versão do Windows 10 para ARM.
mac OS “Big Sur” rodando em um mac com processador ARM. Imagem: Apple
Obviamente, o Rosetta 2 é uma solução temporária. Os desenvolvedores devem adaptar seus apps para rodar nativamente na nova plataforma, o que segundo Craig Federighi, Vice-Presidente Sênior de Engenharia de Software da Apple, não é dificil: “Na maioria dos casos”, segundo ele, tudo o que os desenvolvedores terão de fazer é abrir o código-fonte de seus apps no XCode, ambiente de desenvolvimento da Apple, e recompilar o código para a nova arquitetura. Adaptações no código, quando necessárias, poderão ser feitas em questão de “dias”.
Além disso, Macs ARM poderão rodar nativamente todos os apps já existentes para iPhones e iPads, sem necessidade de que os apps sejam adaptados pelos desenvolvedores, algo que foi demonstrado com o jogo Monument Valley 2, criado para o iOS. Os apps rodam em uma janela, assim como apps Android no Chrome OS. Com isso os novos Macs terão acesso, já no primeiro dia, a um imenso catálogo de apps, de software de produtividade (como o Office para iPad) a jogos.
Coexistência
A migração dos Macs para uma plataforma Intel não é algo que acontecerá da noite para o dia. Segundo a Apple, serão necessários “dois anos” até que a transição esteja completa, período durante o qual modelos com procesadores Intel ou Apple irão coexistir. E quem já tem um Mac com processador Intel pode ficar tranquilo: a empresa promete suportar a plataforma “por muitos anos”.