Cientistas criam olho biônico que poderá ser alimentado por luz solar

Dispositivo com tamanho e estrutura semelhantes aos de um olho humano poderá ser usado para restaurar a visão em deficientes visuais
Rafael Rigues21/05/2020 12h23

20200504045010

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong criaram algo que parece saído de filmes como Blade Runner: um “sensor visual” esférico que imita o tamanho e estrutura de um olho humano. Segundo seus criadores, no futuro, o olho biônico poderá ser alimentado por energia solar e usado para restaurar a visão em deficientes visuais.

O olho artificial tem cerca de 2 cm de diâmetro, tamanho similar ao de um olho real, com um centro oco preenchido com um fluido condutor. Um olho humano tem estrutura semelhante, e é preenchido por um gel transparente chamado “humor vítreo”.

Também há uma lente e, no fundo do olho, uma retina com formato hemisférico. Ela é feita de óxido de alumínio e coberta por “nanofios” de perovskita, um material sensível à luz usado em painéis solares, que produz sinais elétricos quando iluminado.

Segundo o cientista Zhiyong Fan, que liderou a pesquisa, a responsividade do novo olho ao espectro luminoso visível é quase a mesma de um olho real, e os tempos de resposta e recuperação são mais rápidos. Entretanto, o ângulo de visão é menor, 100 graus em vez de 130 graus. E a área total sensível à luz é pequena, com 2 mm de largura e resolução de apenas 100 pixels, muito abaixo do que seria necessário para produzir uma imagem útil.

Ainda assim, um computador conectado ao olho conseguiu reconhecer algumas letras, como E, I e Y. Mas o aparelho ainda não foi testado em humanos, portanto não há garantia que produzirá os mesmos resultados em um paciente, ou mesmo que seja seguro do ponto de vista médico.

O processo de produção atual é lento e caro, e há chance de que os materiais percam sua efetividade ao longo do tempo, portanto há muito espaço para melhorias. Atualmente é necessária uma fonte de alimentação externa, mas os cientistas acreditam que isso poderá mudar no futuro. “Cada nanofio é como uma pequena célula solar”, diz Fan. “Nesse caso, não precisaremos de nenhuma fonte de energia externa”.

Fonte: New Scientist

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital