Cientistas criam dispositivo que consegue extrair água até do ar do deserto

Redação23/03/2018 12h29, atualizada em 23/03/2018 13h07

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Uma equipe de pesquisadores do MIT e da UC Berkeley criou um dispositivo capaz de extrair água do ar, mesmo em regiões extremamente secas. De acordo com o estudo publicado pelos cientistas sobre sua criação, o aparelho usa um novo tipo de material para condensar a água presente no ar, e funciona de maneira totalmente passiva, sem precisar se conectar a uma fonte externa de energia.

Esse novo material recebeu o nome de MOF, uma sigla que significa “metal-organic framework” (algo como moldura “metal-orgânica”), e recebe esse nome por ser feito de uma mistura de partes orgânicas e de íons de metal. A grande vantagem do material, de acordo com o MIT, é que sua estrutura molecular dá a ele uma superfície de contato enorme. Essa superfície é capaz de “prender” as moléculas de água presente no ar. O vídeo abaixo, do ano passado, mostra uma versão anterior dessa tecnologia:

Apesar do vídeo mostrar uma versão anterior dessa tecnologia, o princípio básico dela ainda é o mesmo. Durante a noite, o MOF captura as partículas de água presentes no ar; então, de dia, ele libera essa água para o reservatório usando a luz solar. Segundo o estudo, mesmo no clima árido do Arizona (onde a umidade do ar chega a menos de 10%), o material foi capaz de coletar 250 ml de água por quilo, ao longo de um ciclo diário.

Fora isso, esse material ainda traz outras vantagens. Ele consegue funcionar de maneira totalmente passiva, por exemplo – a própria luz solar do local onde ele é instalado é suficiente para energizar os componentes eletrônicos do aparelho. Fora isso, como ele não tem nenhuma parte móvel (ao contrário de outros coletores, que dependem de bombas e compressores); por isso, ele dificilmente deve quebrar ou exigir manutenção.

Fim das secas

Durante os testes – que foram feitos ao longo de cinco dias na cidade de Tempe, no Arizona – os pesquisadores também notaram que o material não gera impurezas na água que ele coleta. Dessa maneira, tudo que é coletado por ele pode ser imediatamente aproveitado, seja como água potável, seja para outros usos, como agricultura. Segundo Evelyn Wang, uma das principais autoras do estudo, o aparelho também pode funcionar sem luz solar, “usando fontes mais simples de calor, como biomassa”.

Os próximos passos, segundo Wang, são otimizar o material para que ele se torne eficiente. “Esperamos ter um sistema capaz de produzir litros de água”, diz. Segundo ela, deve ser possível triplicar a eficiÊncia do MOF apenas alterando os materiais usados para criá-lo. “Queremos ver água jorrando”, diz. A ideia é produzir dispositivos suficientemente grandes para abastecer até mesmo casas em regiões desérticas.

Um pesquisador não envolvido com o estudo ouvido pelo MIT considerou que a tecnologia é “fantástica”. “Isso oferece uma nova abordagem para resolver o problema de escassez de água em climas áridos”, disse Yang Yang, professor de ciência de materiais da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ele acredita que a tecnologia, uma vez que sua capacidade for aumentada, “pode ter um impacto verdadeiro em áreas onde falta água”.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital