Embora as atenções da indústria quanto à era dos carros autônomos estejam voltadas para empresas norte-americanas, pode ser que a China se torne a verdadeira pioneira no assunto. E isso pode ter respingos significativos no Brasil.

Alguns fatores têm feito com que o país asiático tenha mais facilidade para lidar com o desenvolvimento de tecnologias que fazem carros dirigirem sem ajuda humana. E um deles nasceu de uma mudança de comportamento na China.

Antes vista como mero reprodutora de tecnologia, a China acabou copiando a tendência de empreendedorismo que contaminou o Vale do Silício. Só entre março de 2014 e maio de 2015 foram criadas 4,8 milhões de empresas no país, segundo o New York Times, uma média de 10,6 mil por dia. Boa parte dessas empresas está focada em resolver problemas cotidianos do país super-populoso, e a automação dos carros acerta em cheio nas questões da poluição e do tráfego elevado.

Como é de interesse do Estado que as ideias dessas empresas prosperem, vários governos têm feito apostas pesadas em startups. Assim, enquanto empresas como Google lutam para convencer os Estados Unidos de que os veículos autônomos estão prontos para sair às ruas, na China o Baidu está prestes a estrear frotas de ônibus que dirigem sozinhos, porque recebe apoio oficial.

Além disso, ao contrário do que ocorreu nos EUA, os chineses não abraçaram a política de expansão de estradas para carros com tanto entusiasmo, então, embora muita gente tenha se motorizado nos últimos anos, o ambiente hostil do trânsito local pode facilitar a adoção de modelos que fazem tudo sozinhos. Espera-se que dentro de poucos anos o país asiático conte com táxis e ônibus autônomos, enquanto os americanos trabalham com foco maior nos modelos particulares.

Além de tomar corpo mais rapidamente, a indústria chinesa talvez ainda consiga se desenvolver melhor que a americana, e é aí que a história pode ficar interessante para o Brasil. Na China o desafio dos carros autônomos é muito maior que nos EUA, uma vez que – assim como no Brasil – as estradas por lá não estão entre as melhores do mundo, e há locais onde veículos têm de disputar espaço com um trânsito desordenado de pessoas, animais e caminhões. Quando seus carros estiverem prontos para rodar na China, é provável que eles também estejam aptos a circular por ruas brasileiras.