Uma peste suína africana começou a dizimar alguns rebanhos de porcos na China. Devido a isso, alguns pecuaristas estão modificando o peso dos animais. É o que ocorre na fazenda de Pang Cong, que está criando porcos de até 500 quilos, tão pesados quanto ursos polares. O fazendeiro espera vender algumas de suas crias por mais de 10 mil yuanes (aproximadamente US$ 1.399), três vezes mais que a renda mensal de Nanning, capital da província de Guangxi, onde a fazenda está localizada.
Como era de se esperar, a doença trouxe alterações significativas no mercado suíno. Os preços no atacado da carne na China subiram mais de 70% este ano, enquanto os estoques de suínos caíram 39% em agosto em relação ao ano anterior. O governo chinês solicitou aos trabalhadores um pedido de aumento na produção para tentar controlar a inflação.
A ideia do “quanto maior melhor” se espalhou pelo país asiático. Os altos preços da carne suína na província de Jilin, por exemplo, estão levando os pecuaristas a criar porcos para atingir um peso médio de 175 a 200 quilos, acima do peso normal de 125 quilos. Zhao Hailin, produtor de suínos da região, afirmou que eles querem que o tamanho dos animais seja “o maior possível”.
Esta prática não se limita somente às pequenas fazendas. Os principais produtores da proteína na China, como o Wens Foodstuffs Group, a Cofco Meat Holdings Ltd. e o Beijing Dabeinong Technology Group Co. disseram que também estão tentanto aumentar o peso médio de seus porcos. O analista sênior da consultoria Bric Agriculture Group, Lin Guofa, disse que as grandes fazendas pretendem aumentar o peso dos animais em pelo menos 14%.
O peso médio dos porcos no abate em algumas fazendas de grande porte chegou a 140 quilos. Anteriormente, a média era de 110 quilos. Lin afirmou que essa mudança pode resultar em um aumento de 30% nos lucros.
O vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua alertou a população sobre a situação do suprimento, que será “extremamente grave” até o primeiro semestre de 2020. Segundo ele, a China vai enfrentar uma escassez de carne suína de 10 milhões de toneladas este ano, mais do que o disponível no comércio global, o que significa que a produção nacional vai precisar aumentar.
Após paralisação em consequência do surto, Hu solicitou os governos locais a retomarem a produção de suínos o mais rápido possível, para que os números possam ficar próximos aos níveis normais no ano que vem. Com isso, os preços dos leitões e porcas reprodutoras subiram, tornando mais caro para as fazendas reconstruírem seus rebanhos. Em suma, eles acreditam que aumentar o tamanho dos porcos que eles já possuem pode ser o melhor opção no momento.
Via: Bloomberg