Sistemas de visão computacional são essenciais para veículos autônomos. Eles precisam ser capazes de detectar e identificar corretamente um objeto à sua frente, com antecedência suficiente para que possam reagir e precisão suficiente para que não gerem falsos positivos ou negativos.

Uma tecnologia frequentemente utilizada é o Lidar, uma espécie de radar que usa um raio laser para “varrer” a cena e determinar a posição e distância até os obstáculos. Entretanto, além de caros os sensores são grandes, geralmente montados no teto dos veículos, o que leva ao desdém que Elon Musk, CEO da Tesla, sente por eles.

Reprodução

Sensores Lidar (os “cilindros” no teto do veículo) em um GM Bolt EV da Cruise Automation. Foto: Dllu / Wikimedia Commons (CC-BY-SA 4.0)

Por isso os veículos da Tesla usam uma abordagem diferente: oito câmeras que oferecem um campo de visão em 360 graus ao redor do veículo, complementadas por 12 sensores ultrassônicos e um radar frontal com alcance de 160 metros.

Entretanto, há indícios de que a Tesla está prestes a mudar este sistema. Um deles é a descoberta, pelo hacker conhecido como “green”, de referências no código do sistema operacional dos carros a um novo tipo de radar chamado “Phoenix”.

Phoenix é o nome de um sistema de radar “4D” desenvolvido pela empresa israelense Arbe Robotics, que é capaz de “identificar, avaliar e responder a cenários desafiadores, do comum ao excepcional, com imagens em 4D com resolução ultra-alta em tempo real. Não importa a velocidade, elevação, proximidade, tamanho ou condições climáticas e de iluminação, Phoenix diferencia as verdadeiras ameaças dos alarmes falsos para garantir um caminho seguro para os motoristas, pedestres e outros usuários vulneráveis nas estradas”.

Segundo a ficha técnica, o Phoenix seria capaz de quase dobrar o alcance do radar atual usado pela Tesla, chegando a 300 metros. Suficiente para atender ao requisito de “maior resolução, dobro do alcance” imposto por Musk aos seus engenheiros.

A quarta dimensão

A referência a “imagens 4D” no material da Arbe condiz com referências a esta tecnologia feitas por Musk no passado. Segundo o Electrek, ele afirmou: “estamos migrando de coisas como imagens isoladas e reconhecimento de imagem em fotos que são vagamente, mas não muito bem, correlacionadas no tempo para um tipo de 4D, que é essencialmente como vídeo. Você pensa sobre o mundo em três dimensões, e a quarta dimensão é o tempo. Portanto, esta mudança de arquitetura, que está em andamento há algum tempo mas ainda não foi lançada por ninguém em uma frota de produção, é o que realmente importa para a direção completamente autônoma”.

Não há informações sobre quando os primeiros carros da Tesla equipados com a tecnologia da Phoenix chegarão às mãos dos consumidores, mas considerando que ela é crucial para um sistema de direção completamente autônomo, e a montadora acabou de iniciar um teste beta da tecnologia entre seus consumidores, isso pode acontecer em breve.

Recentemente a Tesla anunciou as versões 2021 do Model 3 e Model X, com melhoria na aceleração e maior autonomia. Entretanto, não foram feitas menções a melhorias no sistema de câmeras ou radar.

Fonte: Electrek