Existe uma concepção bastante popular de que cada ano de vida de cães equivale a sete anos em termos humanos. Nesta lógica, caninos com dois anos teriam 14 anos, e por aí vai. Um estudo publicado na revista científica Cell, porém, aponta que essa proporção é totalmente equivocada e sugere uma nova fórmula um tanto mais complexa.
Com base em pesquisas genéticas, o artigo aponta que existem diferentes ritmos de envelhecimento ao longo da vida dos animais. Cães mais jovens envelhecem mais rapidamente do que os mais velhos. De acordo com o estudo, a idade humana de um cachorro de um ano equivale a 31 anos, enquanto a idade de um animal com sete corresponde a 62 anos.
Para chegar a esses cálculos, cientistas analisaram marcadores químicos chamados “grupos de metil” no DNA de 104 cães da raça labrador, com idades entre alguns meses até 16 anos. Esses marcadores se acumulam no DNA conforme o envelhecimento e provocam ativações e desativações de genes.
Os pesquisadores monitoraram os níveis de metilação em diferentes partes do organismo dos labradores. Na sequência, eles compararam a taxa de acúmulo observada nos animais com índices dos marcadores químicos em humanos.
Cães da raça Labrador Retriever. Imagem: Pixabay
Os experimentos apontaram que, durante o primeiro ano de vida, os cães apresentam um ritmo de acúmulo muito superior de marcadores no DNA, porém, conforme a idade dos animais avança, a taxa se aproxima a de humanos. Ou seja, a proporção entre os anos humanos e caninos cai à medida que o cachorro envelhece.
Como resultado, os cientistas chegaram a uma fórmula bem mais complexa do que a regra dos sete anos: x = 16*ln(y)+31, em que x é a “idade humana” do cachorro e y corresponde a idade canina. Já o ‘ln’ indica o logaritmo natural – uma rápida pesquisa no Google dá conta de retornar o resultado de ln(y).
Pelo cálculo, um cachorro de dois anos tem idade humana de 42 anos, assim como três anos caninos correspondem a 48 anos humanos. Já para um animal de 12 anos, a idade humana é de 70 anos. Aos 15, o resultado chega a 74 anos.
Proporção não reflete no comportamento dos animais
Lucy Asher, especialista em comportamento animal, que não integra o estudo, disse ao The Guardian que ao analisar o envelhecimentos em níveis celulares, a pesquisa pode ser útil em estabelecer uma relação entre os anos humanos e caninos. Ela destaca, porém, que a proporção etária não se aplica aos comportamentos das espécies e funções hormonais das espécies.
“Embora um cachorro de um ano possa ter células com ‘idade’ correspondente a um ser humano de 30 anos, muitos cães não estão totalmente crescidos nesta idade e ainda apresentam hormônios e comportamento instáveis ​​associados à puberdade.”, disse Asher ao The Guardian.
Já o coautor do estudo Trey Ideker declarou em artigo publicado no EurekaAlert que os pesquisadores ainda pretendem realizar testes com outras raças de cães.
Fonte: Business Insider