Brasileiros usam inteligência artificial para identificar doenças cardíacas crônicas

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp usaram a tecnologia para classificar os riscos de pacientes com esse tipo de doença; estudo deve chegar em hospitais públicos até 2021
Redação15/11/2019 13h01

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Uma pesquisa conduzida no Laboratório Aterolab da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), fez uso da inteligência artificial para identificar os riscos de pacientes com doenças cardíacas crônicas. O estudo classifica os pacientes em maior ou menor risco a eventos clínicos adversos e ainda permite estimar os gastos no tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A pesquisa foi apresentada durante o 74º Congresso Brasileiro de Cardiologia, e levou o primeiro lugar no International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR) Europe 2019, um dos congressos mais importantes de inovação da Europa.

Andrei Sposito, coordenador do Aterolab e orientador da pesquisa, explica que o objetivo do estudo é melhorar na precisão médica e auxiliar na tomada de decisões. “Ele precisa decidir se o paciente pode ter alta, se precisa de outro tipo de intervenção ou de cuidados de alto custo, se pode ir para um hospital da rede pública ou ficar em hospital de alta complexidade. Para facilitar essa decisão, criamos alguns algoritmos sofisticados baseados em equações a partir da soma de características dos pacientes”, afirmou.

O algoritmo foi baseado nos resultados obtidos pelos 1.089 voluntários com síndromes coronárias agudas, que participaram da pesquisa entre 2006 e 2018. Além disso, os pesquisadores modelaram 29 variáveis clínicas possíveis para os pacientes que incluíam sinais vitais, dados coronarográficos, diagnósticos e dados laboratoriais. Com esses dados coletados, o computador foi treinado para simular os possíveis cenários para os pacientes e segundo autor principal do estudo, o cardiologista Luiz Sérgio F. de Carvalho, esse trabalho tornou possível prever 92% dos eventos clínicos que um paciente poderia ter.

“Nosso estudo mostrou que a utilização da inteligência artificial aprimora a eficácia do atendimento. Conseguimos identificar quem tem mais chance de morrer, de voltar para o hospital ou de custar mais caro. Conseguimos identificar 10% dos pacientes que consomem mais de 30% dos recursos gastos. Podemos prevenir que tudo isso aconteça usando essa nova tecnologia”, afirmou Carvalho que ainda ressalta que a aplicação da inteligência artificial pode representar uma economia de quase R$ 50 milhões por ano para os hospitais brasileiros.

Além disso, durante a apresentação da pesquisa em setembro, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) convidou os pesquisadores do Aterolab a criarem uma comissão voltada para projetos com inteligência artificial. A ideia é que o novo estudo siga as linhas já desenvolvidas na Unicamp e, nos próximos dois anos, seja distribuído nacionalmente para outros hospitais públicos.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital