Brasileiros criam óculos com reconhecimento facial de código aberto para deficientes

Segundo o orientador do projeto open source, Sandro Mesquita, a ideia é oferecer o device gratuitamente por meio de iniciativa pública
Liliane Nakagawa30/10/2019 19h56, atualizada em 30/10/2019 20h30

20191030052741

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Óculos de reconhecimento facial de código aberto para deficientes visuais. Este é um dos projetos que nasceu no estado do Ceará, realizado por um grupo de dois professores e três alunos da rede pública de ensino. Com o objetivo de auxiliar na locomoção desses usuários, o dispositivo deve garantir mais segurança ao caminhar e maior independência dos deficientes.

Com custo de produção por volta de R$ 300, o protótipo é equipado com uma placa Raspberry Pi 3 B+, que é o cérebro dos óculos, e uma câmera 4.0, que faz o reconhecimento facial e dos objetos. Para a detecção de obstáculos ao longo do percurso, é utilizado um sensor ultrassônico acoplado.

O reconhecimento facial das pessoas próximas ao usuário era realizada por meio de um cadastro manual, com fotos tiradas por um terceiro. As imagens obtidas alimentavam um banco de dados, que armazenavam as imagens localmente, na própria memória do dispositivo, que possuía 32 Gb (em média, para esse espaço, seria possível cadastrar até 5 mil pessoas) na versão anterior.

Para facilitar este processo e poupar o usuário do trabalho de registrar, de forma manual, cada pessoa conhecida, a versão mais recente dos óculos já conta com a tecnologia de reconhecimento facial open source. A implementação de machine learning para essa tecnologia usa a linguagem de programação Python com a biblioteca OpenCV.

E, para que usuário não tenha dificuldades com os obstáculos e a distância de objetos mais próximos, o recurso de áudio viva-voz é utilizado. Caso um impacto estiver prestes a ocorrer, uma campainha é acionada e os óculos começarão a vibrar à medida que o usuário se aproxima do objeto.

Segundo o orientador do projeto Sandro Mesquita, a ideia não nasceu para fins comerciais, mas oferecê-lo à iniciativa pública, para que pessoas carentes tenham acesso. Ele conta que o projeto já conseguiu um espaço no Programa de incubação do Nutec (Núcelo de Tecnologia e Qualidade Industrial do Ceará), além de ser destaque em feiras internacionais.

Atualmente, na versão quatro (até então, são pensados até a sétima versão com modificações), o dispositivo deve, futuramente, estar apto a utilizar um sistema, de codificação própria, de Internet das Coisas (IoT) para troca de informações entre os mesmos dispositivos, a internet, e prestadores de cuidados, como localização, riscos de queda entre outros. Porém, Mesquita afirma que essa questão ainda é delicada e que necessita cautela antes da sua aplicação.

Liliane Nakagawa é editor(a) no Olhar Digital