Astrônomos atacam Elon Musk e a constelação de satélites da SpaceX

Para cientistas, projetos como o Starlink podem levar a uma "superpopulação" de satélites visíveis, dificultando o avistamento de estrelas
Redação28/05/2019 19h18, atualizada em 28/05/2019 21h00

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A SpaceX colocou em órbita os primeiros 60 satélites da constelação Starlink, a primeira parte do projeto que pretende oferecer internet de banda larga no mundo todo a baixo custo. Ao operar em órbita baixa (a apenas 550 km da Terra), a Starlink permite uma conexão terrestre de baixa latência, superando os atuais sistemas de internet via satélite. Ainda assim, o empreendimento de Elon Musk está incomodando muita gente, especialmente a comunidade científica.

O grande problema é que os satélites são mais visíveis a olho nu do que o esperado, provavelmente porque seus enormes painéis solares refletem a luz solar. Com isso, eles ficam brilhantes perto do nascer e do pôr do sol. Em outras palavras, já pensou no que pode acontecer com o céu noturno quando a SpaceX terminar de lançar os 12 mil satélites que pretende colocar em órbita? E quando a Amazon se juntar à corrida com uma constelação de 3.200 deles?

 

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Depois que o holandês Marco Langbroek publicou o vídeo acima com os 60 satélites voando juntos, a comunidade de astrônomos movimentou ataques contra a SpaceX e seu CEO, Elon Musk. Eles argumentam que o brilho dos satélites Starlink poderia interferir nos trabalhos de observação, e o que é pior: arruinar o céu noturno para todas as pessoas.

O astrônomo Alex Parker escreveu no Twitter que o projeto da SpaceX pode fazer com que existam mais satélites em órbitas baixas que estrelas, uma vez que são 9 mil delas presentes no céu noturno. Antes do primeiro lançamento da Starlink, Elon Musk respondeu às preocupações sobre a poluição do céu e sobre o possível aumento de detritos espaciais: “Nós não queremos banalizar ou brincar com o tema do lixo espacial. Certamente, levamos isso a sério. Mas não é que o espaço esteja cheio, é extremamente vazio.”

Elon Musk não parou por aí. Ele voltou à rede social outras vezes para minimizar a questão da visibilidade dos satélites, e explica: “Existem 4.900 satélites em órbita e as pessoas os percebem em 0% do tempo. A Starlink não é vista a menos que você olhe com muito cuidado, e isso terá um impacto de 0% no progresso da astronomia. De qualquer forma, temos que colocar os telescópios em órbita. A atenuação atmosférica é terrível.”

Mais tarde, o CEO da SpaceX relatou ter pedido para que a equipe da Starlink reduzisse o albedo dos satélites, isto é, o reflexo dos seus painéis. Ele acrescentou que gostaria de aproveitar os lançamentos da Starlink para enviar novos telescópios espaciais à órbita da Terra. Na visão de Musk, “ajudar bilhões de pessoas economicamente desfavorecidas é o bem maior”, e ele promete que isso “não terá nenhum efeito material nas descobertas astronômicas”.

Fonte: Gizmodo

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital