As fabricantes de smartphones perderam o medo de apresentar celulares estranhos

Renato Santino26/02/2019 23h18, atualizada em 26/02/2019 23h20

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A MWC é uma feira fantástica, que concentra tudo que há de mais de novo no setor do mercado de tecnologia que é mais próximo do consumidor: os celulares. Isso faz com que todas as tendências que veremos ao longo do próximo ano comecem a dar as caras neste evento, e o que podemos concluir é que a indústria está seguindo para um caminho muito estranho em um futuro próximo.

É um momento esquisito para os celulares de um modo geral. É fato que o mercado alcançou seu ponto de saturação: as vendas não aumentam mais, o que significa que todo mundo que quer já tem seu smartphone, e as pessoas apenas trocam de aparelho quando o antigo começa a dar problema. Isso tem se refletido nos resultados financeiros das fabricantes, especialmente no caso de empresas que dependem muito da venda dos seus smartphones, que é o caso da Apple.

Some-se a isso o fato de que é unânime a visão do público de que praticamente todos os celulares são iguais e que não há mais inovação e que os aparelhos das principais fabricantes estão ficando excessivamente caros, e você tem um mercado que se tornou bastante hostil para as empresas. A solução? Procurar algo novo.

E da necessidade de inovar vemos Samsung e Huawei fazendo algo completamente novo: aparelhos com tela dobrável. Na prática, as empresas estão apresentando tablets que se dobram para serem colocados no bolso; o formato adotado por ambas é diferente, no entanto. A Samsung aposta em uma tela que se dobra para dentro, com uma telinha externa e independente para uso como celular, enquanto a Huawei mostrou um aparelho que se dobra para fora, e a interface simplesmente se adapta quando a tela está dobrada.

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Mas não é só os celulares dobráveis que estão causando estranhamento ao longo dos últimos dias. Algumas empresas também estão criando aparelhos muito esquisitos dentro do formato mais convencional do que é um smartphone, na tentativa de se diferenciar.

A começar pela Sony, que achou de bom tom esticar ainda mais as telas dos celulares. Se no passado as telinhas tinham proporção 16:9 e passaram a ter 18:9, chegaram ao 19:9 com os entalhes e agora estão em 21:9 graças ao Xperia 1. O aparelho aposta nessa resolução por refletir a proporção de imagem dos cinemas, permitindo assistir a filmes na proporção em que eles foram inicialmente produzidos. Isso dito, parece um exagero esticar tanto a tela de um celular em nome da “fidelidade” quando os filmes serão reproduzidos em um display minúsculo após serem projetados para telas grandes.

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Já a Nokia decidiu inovar em relação a câmeras com o Nokia 9 PureView. A empresa colocou nada menos do que CINCO câmeras na parte traseira do seu celular que, unidas ao flash e a mais um sensor 3D de tempo de voo para reconhecimento de profundidade, coloca sete buracos na parte traseira do aparelho ordenados em um padrão circular, causando um incômodo em quem tem problemas com tripofobia. A empresa adotou uma técnica diferente das outras que adotam configurações de câmeras múltiplas: em vez de dar uma função diferente para cada sensor e cada lente, todos os sensores são tecnicamente iguais, com a diferença que três deles são apenas preto e branco e outros dois são coloridos. A ideia é colocar tudo isso para funcionar em conjunto para obter as melhores imagens possíveis, com os sensores preto e branco responsáveis por captar melhor a luz e os coloridos, obviamente, as cores.

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A chinesa Oppo é outra que apostou em diferenciação em câmera e apresentou um módulo de câmera para celular peculiar que é capaz de gerar um zoom óptico de até 10x sem precisar de um volume extra, usando apenas um jogo inteligente de lentes, o que permite aproximar imagens sem recorrer ao tratamento de imagem por software, como faz qualquer celular que ofereça um zoom muito forte. De todas as loucuras apresentadas durante a MWC, essa parece ser a mais próxima da realidade e pode oferecer vantagens reais no curto prazo.

A Nubia decidiu ir para um lado mais esquisito quando apresentou o Alpha, um “celular de pulso” com tela dobrável. Ele até poderia ser chamado de smartwatch, mas conta com funções bem típicas de um smartphone, como, por exemplo, a capacidade de tirar fotos com sua câmera de 5 megapixels. Sua tela tem uma proporção ultra-esticada de 45:9, ele conta com aplicativos e até um teclado T9 para digitação.

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Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital