Apple sabia que o iPhone 6 era mais propenso a entortar do que os anteriores

Renato Santino24/05/2018 20h25, atualizada em 24/05/2018 20h30

20180524173029

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Talvez você não se lembre, mas em 2014, um dos grandes temas discutidos no mercado de tecnologia foi o fato de que os então recém-lançados iPhones 6 e 6 Plus entortavam com facilidade no bolso dos usuários. Só agora, depois de quase quatro anos, foi confirmado que a Apple sabia que os aparelhos tinham uma falha estrutural que fazia com que eles fossem mais propensos a entortar do que os modelos prévios.

Os documentos internos foram revelados pelo site Motherboard, graças a um processo enfrentado pela Apple pelo que ficou conhecido como “touch disease”. O defeito fez com que a tela do iPhone 6 se tornasse incapaz de reconhecer o toque na tela de forma adequada, justamente porque os celulares entortavam, afetando também componentes internos. Ou seja: o problema não é apenas estético.

Segundo os papéis revelados no processo, a Apple constatou que o iPhone 6 era 3,3 vezes mais propenso a entortar do que o iPhone 5s. Já no caso do iPhone 6 Plus, o caso era ainda mais complicado: o aparelho era 7,2 vezes mais suscetível ao entortamento do que o modelo anterior da Apple. A tendência poderia ser atribuída ao fato de que os aparelhos eram maiores do que o modelo 5s, o que poderia contribuir para a fragilidade, mas a realidade é que já havia outros smartphones grandes na época, e nenhum deles paresentou falha similar.

Reprodução

Em 2014, a Apple julgou que o entortamento de iPhones era “extremamente raro”, mas se prontificou a trocar os aparelhos que ainda estivessem na garantia sem alegar mau uso. Diante do surgimento da “touch disease”, a empresa chegou a alegar que o bug era causado por quedas repetidas dos celulares contra superfícies rígidas (como o chão), sem assumir que o problema tinha a ver com a fragilidade do smartphone.

A juíza Lucy Koh também notou que a empresa começou a realizar mudanças internas no iPhone 6 e no 6 Plus para conter o problema. Entre as medidas estão a inclusão de resina epóxi na área abaixo do chip afetado pelo defeito para reforçar o aparelho e evitar danos. Ainda assim, a empresa não reconheceu publicamente o defeito.

Quando apresentou o iPhone 6s, em 2015, a empresa também passou a adotar uma liga de alumínio muito mais resistente do que o modelo anterior, o que funcionou, e as reclamações relacionadas a entortamento do celular cessaram. Isso também indica que a Apple sabe exatamente onde errou na versão anterior e decidiu não repetir o defeito no ano seguinte.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital