Uma decisão surpreendente pôs fim a uma batalha importante no mundo da tecnologia hoje (16): Apple e Qualcomm colocaram um ponto final na briga que travam há mais de dois anos. Ao derrubar todas as ações judiciais ainda em andamento, as companhias escrevem o que parece ser o capítulo final da guerra na qual se processavam contínua e mutuamente por diversos motivos.
Como parte do acordo, a Apple pagará uma quantia não revelada à Qualcomm. As organizações firmaram um contrato de seis anos de licenciamento de patentes, que pode ser estendido por mais dois anos. O suprimento de peças pela Qualcomm por vários anos também foi confirmado, o que significa que seus modems podem aparecer novamente nos iPhones em breve.
Nos modelos mais recentes, a Apple usou exclusivamente os componentes da Intel. A Qualcomm, porém, se manteve à frente da concorrente em desempenho e evoluiu em uma área crítica do mercado atualmente: a dos modems 5G. A empresa, inclusive, já tem opções disponíveis no mercado, enquanto a Intel continua na fase de desenvolvimento — com atrasos que irritaram a Apple.
Entenda a briga
Apple e Qualcomm batalharam na Justiça em razão de discordâncias quanto às práticas de licenciamento de patentes da Qualcomm. A marca da maçã alega que a fabricante de chips cobra preços muito altos por patentes essenciais e se aproveita de sua posição dominante no mercado. A fabricante de chips, por sua vez, acusa a Apple de roubar sua tecnologia — e afirma que a criadora do iPhone planejava esse confronto legal há anos.
A ação judicial teve início em janeiro de 2017, mas as companhias entraram de fato no tribunal nesta semana — o julgamento começou ontem. A sentença de acordo foi proferida quando as corporações ainda apresentavam seus argumentos iniciais, o que é curioso e pode indicar uma opção de executivos das duas organizações por evitar a exposição pública de seus segredos comerciais.
A Qualcomm sofre acusações relacionadas a seu comportamento monopolizante no mundo todo. Nos EUA, a empresa ainda espera o desfecho de uma ação judicial contra a Comissão Federal do Comércio (Federal Trade Commission – FTC), que foi iniciada dias antes da batalha com a Apple. A fabricante de chips foi multada em centenas de milhões de dólares por práticas ilegais — o que poderia sugerir que a marca da maçã tem razão.
Recentemente, porém, a Qualcomm parecia estar revertendo o jogo e colocando pressão na Apple. Ela conseguiu obter o banimento de iPhones na Alemanha e na China por violações de patente e venceu uma ação nos EUA que pôs um preço alto em uma pequena quantidade de suas patentes. Se ela conseguisse mais vitórias, a Apple poderia encarar, no futuro, um cenário de preços ainda mais altos. Um acordo se transformou na alternativa mais viável.
Se a Apple fosse vencedora dessa ação, poderia ter garantido preços mais baixos para si e, potencialmente, abriria espaço para o avanço de concorrentes da Qualcomm. Se perdesse, entretanto, a criadora de processadores poderia estabelecer preços ainda mais altos e assumir de vez o monopólio do mercado — justamente em um momento crítico de mudança geracional nos smartphones. No fim das contas, ninguém quis pagar para ver!
Fonte: The Verge