O Facebook começou a divulgar um polêmico aplicativo nos seus clientes para Android e iPhone (iOS). Trata-se de um programa de VPN gratuito da Onavo, empresa israelense comprada em 2013, que promete proteger os dados de navegação dos usuários. No entanto, o programa é acusado de monitorar o tráfego do usuário e rastrear os principais competidores da companhia de Mark Zuckerberg.
A promoção do aplicativo de VPN pode ser encontrado no menu sanduíche do Facebook para Android e iOS, inclusive no Brasil, com o nome de Protect, conforme publicou o How-To Geek. Ao clicar sobre a opção, o usuário é redirecionado para a Google Play ou para a App Store para baixar o programa para o seu celular. Nas lojas, o programa se vende como uma opção proteção de dados e economia do consumo de internet móvel. Mas, pesquisadores dizem que o objetivo do software é outro.
App seria usado para espionagem
Em agosto, uma longa reportagem publicada pelo Wall Street Journal relatou como o Facebook estaria usando a VPN da Onavo para ter vantagens sobre concorrentes. Fontes do jornal teriam relatado que a rede social de Mark Zuckerberg já sabia da queda no uso do Snapchat no fim de 2016 antes mesmo da divulgação oficial em fevereiro de 2017.
Assim como os demais serviços da categoria, o Free VPN Protect cria uma rede privada que criptografa o tráfego de navegação do usuário na internet. Durante o processo, porém, o programa redireciona as informações para os servidores do Facebook, que registram as ações em sua base de dados.
Com essas informações em mãos, a equipe do Facebook pode descobrir dados como: quais aplicativos as pessoas estão usando, com que frequência, por quanto tempo e se o programa é usado por mais homens ou mulheres naquele país. Além disso, a rede social pode saber até mesmo a quantidade de fotos curtidas ou postadas por um usuário regular durante a semana, caso o tráfego original não seja criptografado.
Embora seja difícil saber o número exato de usuários do aplicativo de VPN da Onavo, o número de downloads do programa é bastante expressivo. Até agosto, a estimativa era que o app havia sido baixado 24 milhões de vezes, sendo a maioria no Android. Agora, com a publicidade dentro do Facebook, a tendência é que o número aumente.
Evidências de competição desleal
Ainda de acordo com a denúncia do Wall Street Journal, fontes ligadas ao Facebook afirmam que a empresa usou dados da VPN da Onavo para lançar funções no seu aplicativo e tomar decisões estratégicas. Na briga contra o Snapchat, por exemplo, a rede social pôde descobrir o número de “snaps” compartilhados diariamente e observar a queda do rival após o lançamento das histórias no Instagram.
Meses após comprar o Onavo em 2013, o Facebook também teria usado dados do serviço para bater o martelo sobre a sua maior aquisição: o WhatsApp. O aplicativo de VPN revelou que o serviço de mensagens estava instalado em 99% de todos os celulares Android da Espanha, o que motivou a empresa de Mark Zuckerberg a adquirir o mensageiro em 2014 por US$ 22 bilhões.
Anos mais tarde, o Facebook teria usado a mesma estratégia para monitorar o uso de aplicativos de vídeos ao vivo, como o Periscope e o Meerkat. As informações ajudaram a rede social a lançar a função de transmissões em seu aplicativo principal para Android e iPhone no início de 2016.
Cuidados com aplicativos de VPN
Bastante populares no Brasil por causa do bloqueio do WhatsApp ou para burlar restrições em serviços de streamings, os aplicativos de VPN devem ser usados com cautela, sobretudo os gratuitos. Afinal, assim como nas denúncias com a Onavo, esses programas podem ter acesso aos seus dados, sobretudo em serviços sem criptografias.
Caso considere importante o uso de redes privadas, pesquise atentamente por reviews e certificados de segurança antes de instalá-los no seu PC ou celular. O TunnelBear, por exemplo, é um aplicativo gratuito com boa reputação, mas que limita a transferência de dados em apenas 500 MB por mês no plano sem assinatura.