Após crescimento explosivo causado pela Covid-19, Netflix desacelera

Empresa viu base de assinantes crescer em um nível normal após primeiro semestre
Renato Santino21/10/2020 00h47

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Depois de meio ano de crescimento desenfreado alavancado pela pandemia de Covid-19, a Netflix parece ter alcançado um teto. A empresa ficou abaixo da meta projetada para o terceiro trimestre do calendário de 2020, que se encerrou em setembro, e pode começar a enxergar a lidar com novos desafios daqui para frente.

Entre julho e setembro, a Netflix ganhou um total de 2,2 milhões de novos clientes. A marca fica um pouco abaixo das previsões da própria companhia, que projetava um crescimento de 2,5 milhões. Apesar do crescimento modesto, a companhia segue faturando pesado, com receitas na casa dos US$ 6,44 bilhões, superando as expectativas, e lucro líquido de US$ 790 milhões.

O desafio é manter um bom crescimento daqui para frente. Isso porque a empresa tinha uma vantagem forte sobre os competidores nos primeiros meses da pandemia: conteúdo quase pronto, o que permitiu um fluxo constante de lançamentos mesmo com a equipe trabalhando remotamente. Ao que tudo indica, esse material pode começar a se esgotar e, sem os estúdios funcionando presencialmente, será difícil continuar a adicionar material novo na plataforma. Sem conteúdo novo, fica mais difícil ganhar um novo assinante.

Apesar da preocupação do mercado, a Netflix sustenta que falta de novidades não será um problema. A projeção da empresa é de que, para 2021, o número de lançamentos originais será mais alto do que em 2020 em todos os trimestres, criando um fluxo constante de filmes e séries novas. Para isso, a empresa diz que já começou a retomar aos poucos a produção de alguns de seus materiais mais consagrados, como “Stranger Things” e “The Witcher“. A previsão é de que as gravações de 150 produções sejam concluídas até o fim do ano, mas a empresa reconhece que a imprevisibilidade da Covid-19 pode afetar bastante essas previsões.

A carta de Ted Sarandos e Reed Hastings, CEOs da Netflix, deixa claro que a empresa projeta que no primeiro semestre de 2021, o crescimento deve ser inferior comparativamente à primeira metade de 2020, profundamente alavancada pela Covid-19. No primeiro trimestre, a empresa chegou a registrar mais do que o dobro do previsto de novos assinantes. A expectativa é a reversão para patamares pré-Covid-19.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital

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