Um estudo conduzido em ratos – mas que é de maior interesse para os humanos – indicou o relógio biológico pode influenciar na gravidade de uma doença. A pesquisa aponta que as células do sistema imunológico atuam de formas diferentes a depender do momento do dia, em resposta à infecção bacteriana.

A pesquisa, publicada na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), ainda descobriu que o relógio biológico afeta, em particular, células especializadas chamadas macrófagos – grandes células que engolem e matam bactérias. “Desabilitar o relógio biológico nessas células resultou em super macrófagos, que se moviam mais rápido e comiam mais bactérias do que os macrófagos normais”, afirma o estudo.

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“Descobrimos que os macrófagos ‘sem relógio’ protegiam os ratos da infecção bacteriana com muitos tipos de bactérias”, escreveram os professores David Ray, da Universidade de Oxford, e Gareth Kitchen, da Universidade de Manchester, em um artigo publicado no site The Conversation.

Os pesquisadores observaram que as células apresentavam uma mudança na arquitetura interna da célula, ou citoesqueleto, formado por proteínas estruturais necessárias para o movimento celular e para o consumo de bactérias. Os cientistas agora querem saber se forçar o relógio biológico de pacientes de alto risco – controlando a iluminação e refeições – pode aumentar a imunidade e prevenir infecções adquiridas no hospital.

“Uma das principais questões que o mundo moderno enfrenta é a crescente resistência das bactérias aos antibióticos. Não há novas classes de antibióticos há 30 anos. A resistência bacteriana aos antibióticos significa que temos infecções intratáveis ​​e enfrentamos um futuro em que a cirurgia se tornará mais arriscada”, afirmam Ray e Kitchen.

A descoberta de um circuito que liga o relógio biológico à defesa bacteriana abre uma nova rota para reduzir a dependência de antibióticos. “O funcionamento do relógio circadiano pode ser alterado pela exposição à luz, pela alteração do horário das refeições, pela variabilidade genética nas populações humanas e por novos fármacos capazes de regular esse sistema. A intervenção de curto prazo para aumentar a imunidade à infecção pode oferecer benefícios, a baixo custo”, completam os cientistas.

Via The Conversation