Alphabet tem uma segunda equipe trabalhando com computação quântica

Objetivo do misterioso Laboratório X seria desenvolver algoritmos e aplicativos para os computadores quânticos criados pelo Google
Renato Mota31/01/2020 20h50

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Em outubro passado, o Google conseguiu fazer um de seus computadores quânticos realizar, em alguns segundos, algo que o mais potente computador do mundo demoraria cerca de 10 mil anos para fazer. Alcançou a chamada “supremacia quântica”.

O chip quântico da empresa, chamado de Sycamore, conseguiu desvendar em 200 segundos o segredo por trás de um gerador de números aleatórios, algo que o Summit – supercomputador da IBM – levaria milhares de anos para fazer. Um feito revolucionário, que amplia as possibilidades na criação de novos materiais, desenvolvimento de medicamentos e até a expansão da inteligência artificial.

Mas a equipe que trabalha nesse equipamento não é a única na empresa pesquisando computação quântica. Segundo uma matéria publicada nesta sexta-feira (31) na Wired, existe outra equipe de computação quântica da Alphabet, trabalhando em seu laboratório secreto X.

De acordo com a reportagem, o laboratório X, anteriormente conhecido como Google X, dedica-se à incubação de tecnologias que possam sustentar novos negócios em escala do Google. Diferente do grupo de pesquisadores que está construindo hardware de computação quântica, a equipe X desenvolve novos algoritmos e aplicativos para rodar em computadores quânticos, criando bibliotecas de software que permitam que codificadores convencionais usem as novas máquinas.

“O hardware é muito interessante [mas] é realmente um software que gera a maior parte da criação de valor”, afirmou um dos líderes da pesquisa quântica X, Jack Hidary, em uma palestra em novembro na Universidade Carnegie Mellon.

Na computação tradicional, usada por PCs e celulares na atualidade, toda e qualquer informação é armazenada ou processada na forma de bits, que sempre serão representados por 0 ou 1. Já na computação quântica, os chamados qubits – bits quânticos – podem assumir inúmeros estados, num fenômeno conhecido como superposição. Isso aumenta drasticamente a quantidade de informações que pode ser processada ao mesmo tempo, superando, por muito, o funcionamento de computadores tradicionais, mesmo os mais potentes.

O X é construído em torno de um portfólio de projetos ambiciosos, com o objetivo de oferecer novas tecnologias. Carros autônomos e balões de Internet estratosféricos já estiveram em seu radar. O laboratório normalmente só revela seus projetos depois de anos de trabalho.

Um funcionário da Alphabet, da equipe de Hidary, postou no LinkedIn que está trabalhando em projetos quânticos. Na mesma rede, dois recrutadores dizem que estão trabalhando para contratar especialistas quânticos – especialistas raros: em sua palestra em Carnegie Mellon, Hidary disse que apenas 800 pessoas no mundo têm a experiência necessária para entender realmente como aplicar algoritmos quânticos.

“É um campo tão precoce agora que é preciso uma super quantidade de conhecimento para entender um pouco sobre a computação quântica”, disse Hidary. “Precisamos fornecer ferramentas para a comunidade em geral.”

Uma possibilidade, disse o pesquisador, seria usar aprendizado de máquina para criar softwares que adaptem o código convencional aos sistemas quânticos. “Sem isso, não vejo como dimensionamos esse tipo de campo”, disse ele.

Via: Wired

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital