Dentro de alguns meses os brasileiros poderão contar com o serviço prestado pela Afrostream, uma espécie de Netflix com foco em produções protagonizadas por atores negros.
A empresa começou a operar em setembro na França, Bélgica, Suíça, Senegal e Costa do Marfim, mas recentemente expandiu sua área de atuação para mais 24 países. Contando com investimentos e parcerias de peso, o serviço gerou tanto interesse que conquistou mais de 2 mil assinantes antes mesmo de ser lançado, o que estimulou a Afrostream a firmar acordo com uma locadora virtual para disponibilizar parte do seu catálogo com antecedência.
Em entrevista ao Olhar Digital, o CEO da empresa, Tonjé Bakang, contou que em 2017 será a vez de colocar os pés no Brasil: “Vamos começar com nossa ainda não lançada plataforma social, Afrostream Life, disponível gratuitamente primeiro em francês e inglês, mas assim que possível em português.” Já tem até filme nosso por lá, a exemplo de “Favela”, que conta com atores como Wagner Moura, Selton Mello e Rooney Mara.
Por ter feito negócio com distribuidoras independentes americanas, africanas e britânicas, a Afrostream se tornou casa para um tipo de produção que não se acha em lugar nenhum. Esse papel deve se tornar ainda mais proeminente no futuro, porque Bakang me contou que a empresa planeja seguir os passos da concorrência e desenvolver produções próprias. “Conteúdo original é nossa prioridade número um para os próximos dois anos”, disse ele, acrescentando que a empresa pensa tanto no material premium quanto no infantil.
E mesmo que parte do seu catálogo também esteja disponível em plataformas como Netflix e Amazon Video, o Afrostream se diferencia por manter o foco no ator negro — filmes como “Dia de Treinamento” (com Denzel Washington) e “Hancock” (Will Smith), por exemplo. Perguntei a Bakang se ele recebe reclamações no sentido de que o serviço poderia ser considerado segregacionista. “Nenhuma”, respondeu. “O Afrostream está disponível para todos os amantes das culturas de origem africana.”
O executivo acrescentou que “é cedo para dizer” se a plataforma terá algum poder social transformador — “mas nós sabemos que nossos assinantes se sentem bem depois de assistir [a filmes e séries nos quais] os heróis se parecem com eles”. “A comunidade afrobrasileira é grande e carente. O Afrostream ajudará os afrobrasileiros a contar suas próprias histórias e a compartilhar sua cultura com o restante do mundo.”