Adeus, Sony Mobile? Seis sinais de que a fabricante deve deixar o Brasil

Loja online esvaziada, sem previsão de lançamentos, redes sociais às moscas... tudo indica que não teremos mais smartphones da marca em terras brasileiras.
Redação18/03/2019 20h54, atualizada em 19/03/2019 14h00

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Se você fizer uma pesquisa rápida sobre as perdas da Sony nos motores de busca, irá perceber que a empresa vem lidando com problemas financeiros há pelo menos uma década. Em 2012, a fabricante cortou 2 mil postos de trabalho e fechou uma das fábricas de lentes de câmeras e celulares no Japão. Em 2014, vendeu a divisão Vaio e deixou o mercado de PCs. Em 2016, parou de produzir aparelhos no Brasil e o último lançamento da marca no mercado nacional foi o Xperia XZ2 Compact, anunciado há pouco mais de um ano. Como se isso não fosse suficiente, fontes ligadas à empresa afirmaram ao Olhar Digital que a Sony Mobile se prepara para deixar o país.

Durante o Mobile World Congress 2019, a Sony anunciou quatro novos smartphones: Xperia 1, Xperia 10, Xperia 10 Plus e Xperia L3. Apesar de levar apenas um protótipo do seu topo de linha de 2019 à feira, a fabricante recebeu muitos elogios por lançar um smartphone voltado para aquilo que a Sony sabe fazer de melhor: produção de conteúdo, principalmente em fotos e vídeos. O Xperia 1 reflete o retorno da marca às raízes e se estabelece no mercado como um aparelho extremamente segmentado, porém, muito consistente.

Contudo, as chances dos fãs brasileiros da Sony de poderem contar com este modelo são muito pequenas. Isso porque a fabricante não tem previsão de lançamento deste dispositivo ao mercado nacional. Se é que um dia ele virá.

O fato é que a empresa japonesa dá diversos sinais de que se prepara para deixar o país muito em breve. Confira 6 deles:

#1 Loja online da marca quase às moscas

Hoje, na loja online oficial da Sony no Brasil, apenas o modelo Xperia XZ2 Compact está disponível. Os demais aparelhos aparecem como “indisponíveis”. Em comunicado ao canal Mobizoo, a assessoria de imprensa da fabricante afirmou que isso é parte da estratégia da empresa no país e que ainda não se sabe se os novos aparelhos chegarão às lojas:

                      “A Sony Mobile Brasil informa que, por questões estratégicas, optou por centralizar na Sony Store (https://store.sony.com.br/celulares) os produtos da marca que estão à venda no Brasil. O Sony Xperia XZ2 Compact é o principal produto da Sony Mobile no e-commerce nacional. Xperia 1, Xperia L3, Xperia 10 e Xperia 10 Plus ainda não têm previsão de comercialização no Brasil.”

Para completar, além da escassez de modelos, a loja online, hoje, vende apenas acessórios para smartphones da marca, como cabos USB-C, power banks e carregadores com e sem fio.

#2 A loja de dispositivos mobile vira uma página de suporte

No site da Sony Brasil, quando buscamos pela categoria “Smartphones Xperia”, somos direcionados para a página de suporte da empresa. O curioso é que o mesmo não acontece com as categorias “televisores”, “fones de ouvido” e “câmeras de lentes intercambiáveis”.

Além disso, o site da Sony Mobile já não conta mais com a opção de escolha do Brasil como país a ser pesquisado para produtos. O mesmo vale para todos os países da América Latina, que também desapareceram.

#3 Redes sociais abandonadas

Nas redes sociais, tanto no Twitter quanto no Facebook, a empresa não publica nada referente aos seus smartphones desde setembro de 2018:

Twitter

Facebook

#4 Fim de contrato com as fornecedoras

Recentemente, a Sony assinou contrato com uma nova assessoria de comunicação, sediada em São Paulo, e que atenderá as divisões de TV, áudio, câmeras e acessórios da marca. No entanto, a divisão de mobile ficou de fora. Além disso, há rumores de que a atual agência de Relações Públicas da Sony Mobile prestará serviços à marca até o final de março e não terá o contrato renovado.

#5 Sem previsão de chegada de modelos para o varejo, operadoras e afins

A equipe do Olhar Digital visitou nove lojas de operadoras espalhadas pela cidade de São Paulo, bem como sete lojas de varejo. Em nenhuma delas, os vendedores souberam informar quando – e se – teriam novos smartphones da Sony em seus estoques. Mesmo com diversos modelos da marca tendo sido apresentados no Mobile World Congress.

Nossa equipe também entrou em contato com responsáveis pelo estoque de lojas do varejo e operadoras, e nos foi informado que ainda não existe nenhuma previsão de chegada de novos aparelhos da Sony. Este é um forte indício de que a fabricante deve descontinuar a venda de smartphones no país, pois é comum que os parceiros tenham informações prévias sobre o portfólio de cada fabricante para o ano corrente, para que se possa planejar estratégias de venda e distribuição destes produtos.

#6 Mesmo modus operandi em outras partes do mundo

De acordo com Tim Biggs, do jornal australiano The Sidney Morning Herald, a Sony Mobile também está saindo silenciosamente do país. Assim como no Brasil, não trouxe ao mercado modelos mais recentes, como o Xperia XZ3, muito menos existe previsão de comercialização do recém lançado Xperia 1. Em janeiro deste ano, a empresa também deixou o sudeste asiático (Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã). Vale lembrar que, antes de anunciar a saída destas regiões, a estratégia se assemelhava muito com a atual situação da empresa no Brasil e na Austrália, ou seja, já não regulamenta novos aparelhos nos órgãos responsáveis e possui estoque limitado para inexistente.

Vendas em queda no mundo

A queda nas vendas de smartphones da Sony não é um fenômeno exclusivo da fabricante no Brasil, mas um sintoma global. Em 2018, a divisão mobile da empresa foi a que mais perdeu dinheiro dentro da companhia. Entre os meses de abril e junho do ano passado, a Sony vendeu apenas 2 milhões de celulares. Isso fez com que a projeção de vendas para 2018, que era de 10 milhões de unidades, tenha sido reduzida para 9 milhões. A título de comparação, a família Huawei Mate 20 vendeu 10 milhões de unidades em cinco meses. Ou seja, apenas dois modelos da fabricante chinesa venderam mais unidades do que todas as linhas da Sony juntas, isso em um período de tempo muito menor.

Hoje, o mercado brasileiro possui quatro grandes jogadoras: a Samsung, a Motorola, a Apple e a LG. Juntas, essas empresas correspondem a pouco mais de 88% da participação de mercado. De acordo com a agência de análise e estatísticas Statcounter, a Sony não aparece entre as 10 fabricantes que mais vendem celulares no país, isso que a décima empresa da lista é a Xiaomi, que até este mês não vendia oficialmente aparelhos no Brasil.

Reprodução

Para completar, em maio, a Huawei começará a venda de smartphones Premium no varejo nacional. Além disso, a Asus reapareceu, apresentando na última semana o Max Shot e o Max Plus M2. Voltados ao público que busca smartphones intermediários a preços mais em conta, eles são dotados de chips SiP 1, que concentram em um único componente, itens como processador, memória e modem. Com isso, é possível fabricar smartphones mais finos, baratos e com boas especificações. Eles custarão entre R$ 1,3 e R$ 1,55 mil, valores bem abaixo dos R$ 2,6 mil pedidos pela Sony Mobile pelo seu Xperia Z2 Compact.

Logo, mesmo que ainda não saibamos se a empresa trará novos modelos de smartphones para o Brasil em 2019 quais serão os valores praticados, uma coisa é certa: a Sony perderá qualquer chance de recuperar espaço no país, especialmente oferecendo apenas o Xperia XZ2 Compact e outros modelos ultrapassados através de parcerias com o e-commerce nacional.

De acordo com as nossas fontes, a Sony está se preparando para descontinuar a divisão Mobile no país e, sejamos honestos: a fabricante está respirando com a ajuda de aparelhos há pelo menos um ano. Já está na hora de desligar as máquinas.

Nota: entramos em contato com a assessoria de imprensa da Sony para obter mais informações sobre os planos da fabricante para o Brasil em 2019, porém, nenhum dos executivos da empresa se encontrava disponível para conversar com a nossa equipe. Atualizaremos esta matéria assim que tivermos um posicionamento por parte da empresa. 

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital