Os crimes cibernéticos avançam no mesmo ritmo que a tecnologia — e vice-versa. Hoje, esses ataques já estão na quinta geração: dos vírus nos anos 90, vieram a interferência nas redes, a invasão de aplicativos, os roubos de dados e, por fim, as grandes ofensivas globais.

Neste ano, porém, os principais especialistas em segurança, reunidos na Cybertech — o maior encontro internacional do setor —, em Tel Aviv, esperam um agravamento preocupante desses ataques. Isso porque eles chegaram à sexta geração.

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À reportagem do El País, Oded Vanunu, chefe de investigação de vulnerabilidade da Check Point, explica que as portas de entrada dos ataques virtuais se multiplicaram. Para ele, está em desenvolvimento um fenômeno de escala global, similar a uma corrida armamentista. “Serão mais fortes, mais rápidos, mais sofisticados. Aproveitaram todo o mundo conectado: das nuvens de informação aos carros, passando pelas redes sociais, pelos jogos, pelas legendas de filmes, pelos drones ou por elementos aparentemente inofensivos, como os aspiradores automáticos.”

Udi Mokadi, CEO da Cyberark, uma das maiores empresas do setor, que está em 70 países, compartilha dessa visão. “O mundo está mudando de forma dramática. Já não adianta proteger uma única empresa, é necessário controlar os provedores. Um hacker busca o caminho mais curto, mais rápido e mais indefeso. São profissionais, não aventureiros.” Ele comenta que a segurança precisa superar o ataque, uma vez que “o custo de um erro é realmente alto”.

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O diretor-executivo da Blumberg Capital, Ehud Schneorson, aponta que “a solução passa pela substituição do homem pelas máquinas”. E isso deve ser feito tanto na prevenção quanto na identificação e na resolução dos ataques. É a aplicação da inteligência artificial com ‘superpoderes’, explica.

No mesmo nível do aquecimento global

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A sexta geração de ataques, comentada na última reunião dos chefes internacionais em Davos, “está no mesmo nível do aquecimento global ou dos desastres naturais”, assinala Gil Shwed, um dos fundadores da Check Point. “Se trabalharmos apenas na sua detecção, estamos perdidos”, adverte.

Os números evidenciam o porquê da preocupação global. A cada dia, são registrados um milhão de alertas sobre vários tipos de ataque. Uma década atrás, o leque dos hackers se reduzia a umas 50 opções e as ameaças encontradas diariamente estavam na casa dos mil.

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Os laboratórios da Check Point faz 4 milhões de simulações por dia para analisar invasões que atingem desde a nuvem até diferentes tipos de aparelho. “A nuvem é fundamental porque ela é uma camada de segurança antes que os ataques cheguem aos dispositivos”, aponta Mokadi.

Essa estratégia ofensiva e a rápida atuação têm mostrado êxito. Israel teve, no ano passado, um balanço de “zero danos por ataques”, de acordo com Yigal Unna, diretor-executivo do diretório de cibersegurança de Israel. Segundo a chefe de segurança da Microsoft, Diana Kelly, a empresa conseguiu eliminar a infecção da praga digital Bad Rabbit, que atingiu vários países, em 14 minutos.