A impressão 3D pode ajudar na reconstrução da catedral de Notre Dame

Uma empresa holandesa promete usar pedras quebradas e cinzas para imprimir réplicas perfeitas de suas gárgulas
Redação03/05/2019 16h34, atualizada em 04/05/2019 00h10

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Quando a catedral de Notre-Dame foi parcialmente destruída durante um incêndio, o mundo lamentou não apenas os estragos na histórica construção, mas os detalhes de pedra que viraram cinzas. Arquitetos do mundo todo estão correndo para traçar um plano de reconstrução do telhado da edificação, mas uma empresa está propondo um plano para “ressuscitar” suas gárgulas e quimeras. Como? Transformando o entulho e as cinzas em material que pode ser impresso em 3D em réplicas exatas.

As gárgulas de Notre Dame protegem o edifício contra a erosão da água, canalizando a chuva e lançando-a no solo. E elas, ironicamente, podem ter ajudado o fogo a se alastrar. Isso porque, antes do incêndio, muitas das gárgulas já haviam sido substituídas por elementos feitos de PVC .

A Concr3De, empresa holandesa especializada em impressão 3D de pedras para construção, afirma que tem a receita perfeita para trazer os elementos de volta. O procedimento seria moer cascalho de calcário e as cinzas do fogo e combinar a mistura com outros materiais para criar um pó fino. Ele alimentaria as impressoras, que seguiriam modelos 3D altamente precisos das pedras de Notre-Dame. A boa notícia é que eles já existem e são incrivelmente detalhados. O falecido professor de arte belga-americana Andrew Tallon é o responsável pelo trabalho.

Em uma entrevista de 2015, Tallon descreveu como ele escaneou o prédio durante cinco dias de trabalho usando uma Leica ScanStation C10, procurando novas respostas sobre sua natureza. Com a ajuda do professor de ciência da computação da Columbia University, Paul Blaer, ele produziu um modelo de 1 bilhão de pontos que oferece precisão milimétrica. Assim, pelo menos em teoria, as cópias impressas finais da Concr3De poderiam ser exatamente como as originais — com a vantagem adicional de serem feitas de alguns dos mesmos materiais.

O cofundador da Concr3De, Eric Geboers, acredita que esse método poderia inclusive conciliar alguns dos problemas éticos relacionados à reconstrução. “Não é a cópia apenas uma farsa? Simplesmente copiar, fingir que nunca houve um incêndio, seria uma falsificação histórica”.

O governo francês, no entanto, tem planos literalmente medievais para restauração da catedral. Escultores e artesãos farão reproduções com as mesmas técnicas e materiais empregados no século XIII. Claro, isso exigirá muito mais tempo e dinheiro.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital