‘Mini fígado’ humano feito em laboratório é transplantado para ratos

O desenvolvimento da tecnologia de biofabricação ainda está em seus primeiros passos, mas objetivo é reduzir a fila de transplantes e baratear o procedimento
Renato Mota03/06/2020 16h55

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Cientistas da Universidade de Pittsburg criaram mini fígados totalmente funcionais a partir das células da pele humana e os transplantaram com sucesso para ratos. A pesquisa é uma prova de conceito para a tecnologia de biofabricação, que pode ajudar a acabar a escassez de órgãos, acelerar o processo de transplante e reduzir seus custos.

“Acredito que seja um passo muito importante, porque sabemos que isso pode ser feito”, acredita o coautor do estudo publicado na Cell, Alejandro Soto-Gutiérrez, pesquisador em medicina regenerativa. “Você pode criar um órgão inteiro e funcional a partir de uma célula da pele”, completa.

No Brasil, cerca de 96% dos transplantes são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Ministério da Saúde. Mas nos Estados Unidos, pacientes que passam por um transplante de fígado recebem uma cobrança estimada em US$ 812 mil, que inclui cuidados pré e pós-operatórios, e medicamentos imunossupressores para impedir que o corpo das pessoas rejeite o órgão transplantado.

“O que estamos planejando fazer é começar a criar mini órgãos humanos que sejam universais”, explica Soto-Gutiérrez. Isso significa que os cientistas podem biofabricar enxertos hepáticos universalmente aceitos.

Para cultivar um fígado, os cientistas coletaram amostras de células da pele de um grupo de participantes humanos e as reprogramam em células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs). Em seguida, os pesquisadores as orientaram a se tornarem vários tipos de células hepáticas e as colocam em estruturas de suporte feitas com um fígado de rato que teve suas próprias células removidas.

Embora tenha levado mais de uma década para aprimorar cada etapa desse processo, os pesquisadores levaram menos de um mês para cultivar os mini-fígados em biorreatores – a maturação do órgão leva até dois anos em um ambiente natural, segundo os pesquisadores.

Cinco camundongos criados para serem imunossuprimidos receberam os órgãos transplantados. Quatro dias após o procedimento, a equipe dissecou os animais para ver quão bem os órgãos implantados estavam operando. Em todos os casos, surgiram problemas de fluxo sanguíneo dentro e ao redor do enxerto, mas ainda assim, os mini-fígados transplantados funcionaram normalmente, secretavam ácidos biliares e ureia.

Via: Inverse

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital