O Google aceitou a requisição da Campo Santo e derrubou um vídeo de PewDiePie que mostrava o youtuber jogando um dos títulos da desenvolvedora, “Firewatch”.
A reclamação foi anunciada pelo cofundador da empresa, Sean Vanaman, na esteira das reações ao fato de que o sueco Felix Kjellberg (o PewDiePie) havia usado um termo racista durante uma transmissão de outro jogo no último fim de semana.
Kjellberg publicou um vídeo ontem para falar sobre o assunto e demonstrou que, embora tenha consciência de que foi culpado por gerar toda essa situação, ficou incomodado com a natureza da resposta vinda da Campo Santo. Principalmente porque isso poderia levar a uma onda de ataques capaz de derrubar seu canal e bani-lo de vez do YouTube.
Kjellberg costuma fazer “Let’s Play”, algo muito popular no YouTube ou em sites como Twitch, que consiste em jogar um título inteiro ou partes dele para uma audiência. Tem bastante gente nesse mercado, incluindo brasileiros como Zangado e BRKsEDU, e cada um segue seu próprio estilo — alguns fazem comentários em off, outros deixam suas cabecinhas aparecendo na tela o tempo todo e tem até quem jogue sem falar nada.
Acontece que esse tipo de publicação está em uma área nebulosa em termos de direitos autorais. O conteúdo postado por esses youtubers pertence às desenvolvedoras e distribuidoras, por isso elas podem entrar com pedidos de remoção, como fez a Campo Santo. Só que poucas tomam esse tipo de atitude porque elas também lucram com esse esquema, que acaba funcionando como campanha de marketing gratuita. O próprio Sean Vanaman lembrou isso quando avisou que atacaria PewDiePie, ressaltando que tinha ciência de que sua empresa provavelmente lucrara com as quase 6 milhões de visualizações obtidas pelo youtuber com o vídeo de “Firewatch”.
A Campo Santo sequer precisou ir à Justiça para derrubar o vídeo, bastou acionar o YouTube. Kjellberg já o tinha colocado como privado quando viu as reclamações de Vanaman, mas mesmo assim o site do Google deletou o conteúdo. O que coloca o youtuber na corda bamba é que a política do YouTube dita que, se uma pessoa tiver três vídeos derrubados por reclamações de direitos autorais, sua conta é excluída, ela perde todos os vídeos e fica proibida de criar outros perfis.
Em seu vídeo mais recente, o sueco chamou a atenção para a possibilidade de que o uso de uma ferramenta de direitos autorais para resolver uma questão não necessariamente ligada a direitos autorais configure censura, e ponderou que talvez saísse vitorioso caso levasse o caso aos tribunais (coisa que garantiu que não fará).
Uma advogada especializada ouvida pelo Polygon, entretanto, disse que pouco importam as motivações da desenvolvedora. “No caso de um vídeo ‘Let’s Play’, um dono de conteúdo como a Campo Santo argumentaria que eles podem revogar sua licença tolerante e não exclusiva ao streaming (que é garantida a usuários finais) contra qualquer um que use seu conteúdo de uma forma que eles considerem ofensiva, ou de maneira que associe seu jogo ou marca com algo contra seus valores”, explicou Mona Ibrahim.