Review de ‘The Dark Pictures Anthology: Little Hope’: cuidado com a névoa

Jogo é um ótimo exemplo de que boas mecânicas são suficientes para prender o jogador à história
Luiz Nogueira12/04/2022 01h01

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Atualmente, os videogames possuem grandes franquias de terror. ‘Resident Evil‘ e ‘Silent Hill‘ são bons exemplos dessa afirmação. No entanto, a Supermassive Games decidiu entrar na disputa e lançar uma série de games do gênero com uma proposta diferente.

Conhecidos como ‘The Dark Pictures Anthology’, os jogos apresentam narrativas totalmente diferentes entre si, fazendo com que cada lançamento seja algo totalmente novo, além de terem uma maneira interessante de contar a história.

Seguindo essa proposta, ‘Little Hope’, novo título da antologia, conta com um sistema de escolhas que consegue moldar os rumos da narrativa. Por isso, qualquer decisão pode ser fatal. A todo momento, somos lembrados para escolher com cuidado.

Esse tipo de narrativa, em que as alternativas influenciam o enredo, tornou-se bastante popular nos últimos anos. Um dos exemplos mais conhecidos são os títulos da Telltale Games, responsável pelos sucessos ‘The Walking Dead: The Game’ e ‘The Wolf Among Us’.

História

A história do game, que é o segundo da série, acompanha um grupo de cinco pessoas, quatro jovens e um professor universitário, que, enquanto estão a caminho de uma excursão, sofrem um acidente e ficam presos na cidade Little Hope.

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Ao começarem a procurar por ajuda, descobrem que, aparentemente, o local está completamente abandonado. No entanto, o grupo também percebe que a densa névoa que cerca o local esconde alguns segredos.

À primeira vista, a história pode não parecer nada inovadora, sendo explorada em inúmeras outras produções. Porém, o grande destaque aqui é a relação dos personagens – e os aparentes conflitos anteriores que cada um possui.

No começo, todos aparentam ser totalmente diferentes uns dos outros, mas, conforme o jogo avança e as escolhas são feitas, eles começam a perceber que seus destinos estão ligados de alguma forma. Esse detalhe serve para manter os jogadores intrigados até o fim – que é quando de fato tudo é revelado.

Como qualquer jogo do gênero, a narrativa tem papel fundamental na tarefa de prender o jogador. Com ‘Little Hope’ não é diferente. Em questão de história, o título é superior ao primeiro em todos os quesitos.

Consequências das escolhas

Além da história, outro elemento bastante importante da narrativa são as escolhas – e como você reage a elas. Em alguns momentos, não é recomendado agir pela emoção, já que, desde o primeiro jogo, aprendemos que nem tudo é o que parece.

Por isso, pensar antes de decidir algo, mesmo que pareça um diálogo sem importância, pode significar que aquele personagem irá viver – ou morrer. Na primeira vez que terminei a narrativa, matei dois personagens. Foi bastante interessante recomeçar a aventura e testar caminhos diferentes para entender onde a escolha que levou à morte do integrante do grupo aconteceu. Felizmente, na segunda jogatina todos se salvaram.

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Considero as escolhas um dos maiores triunfos do game. Ele é responsável pelo grande fator replay que a narrativa oferece. Dependendo de como as escolhas são feitas, resultados completamente diferentes podem ser alcançados. Até porque todos os personagens correm risco de vida durante o jogo.

Apesar de não tão diferentes, os finais que consegui tiveram pesos opostos, principalmente por conta de uma injustiça cometida com uma das escolhas. Jogar em seguida, sabendo que você fez o certo, é muito interessante.

Você não está sozinho

O jogo conta com muita coisa para explorar. Mesmo que não te leve a lugar algum, é bastante importante conhecer os lugares para encontrar documentos e itens que podem ajudar a entender a história e evitar algum erro fatal.

Um desses casos são os cartões postais disponíveis em alguns lugares. Achando-os, é possível ter visões sobre acontecimentos-chave da história – sejam mortes ou encontros com algum dos elementos aterrorizantes do game.

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Para ajudar com a exploração e dividir o peso das escolhas, é possível jogar o título com até cinco amigos, cada um controlando um personagem. Apesar de ser uma ideia interessante, ter de ficar passando o controle a cada mudança de cena não é algo muito prático – mas remete à época em que quem morria passava o controle.

Conclusão

‘The Dark Pictures Anthology: Little Hope’ é um ótimo exemplo de como fazer um bom jogo de terror em que o espectador faz parte da história. As escolhas são bem difíceis e apresentam uma boa variedade de situações.

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Terminá-lo mais de uma vez é essencial para entender todas as nuances da narrativa e desvendar todos os mistérios que permeiam Little Hope. Só torça para não ficar preso na névoa. Atualmente, o título está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC.

Para esta análise, a Bandai Namco enviou ao Olhar Digital uma cópia do jogo para PlayStation 4.