Moradores de cidades pequenas ou da periferia de grandes municípios têm sofrido para jogar Pokémon Go. Isso porque pokéstops e ginásios – pontos no mapa fundamentais para o avanço da jogabilidade – aparecem em menor número em locais afastados de grandes centros urbanos.
Muitos usuários criticaram a Niantic Labs, desenvolvedora do game, pela ausência de pokéstops em mais locais. Mas nem todos sabem como esses pontos de interesse são escolhidos. Afinal, é mesmo a Niantic quem decide onde colocar uma pokéstop ou um ginásio?
Em parte, sim, já que ela é a desenvolvedora e responsável pelos servidores do jogo. Mas quando o jogador encontra pokéstops como essas, incluindo nomes como “Orelhão dos Doidões”, “Mário Maconha” e “Provocante e Proibida”, fica a dúvida: será que os usuários não têm nada a ver com isso?
Na verdade, têm. Todo o mapa de Pokémon Go usa como referência o mapa de um outro jogo da Niantic, chamado Ingress. Nele, os usuários devem se locomover pela cidade para conquistar regiões, marcadas como “portais” no mapa, que são também pontos de referência ou locais conhecidos pelas pessoas que passam por ali.
Os primeiros portais de Ingress eram escolhidos com base em pontos buscados no Google Maps, que oferece uma plataforma de código aberto para desenvolvedores. Aos poucos, conforme o game foi ficando mais popular, a Niantic passou a aceitar sugestões de jogadores e aumentando o número de portais no mapa.
É por isso que mais portais começaram a aperecer em locais onde havia um fluxo maior de pessoas jogando. Se muitos usuários pediram a criação de um portal diante da pichação do tal “Mário Maconha”, e inclusive sugeriram esse nome, a Niantic aceitou a indicação e incluiu o ponto no mapa de Ingress.
A maioria das pokéstops e ginásios de Pokémon Go são, na realidade, endereçadas nos mesmos locais onde, em Ingress, havia um portal. Por isso há mais desses pontos de interesse em cidades grandes, onde mais pessoas jogaram e contribuíram com Ingress, do que em regiões mais afastadas, onde o game não foi muito popular.
O mesmo acontece agora com Pokémon Go, que também aceita (de forma ainda limitada) indicações de jogadores. “As pokéstops são sugeridas pelos usuários, então, obviamente elas estão baseadas em lugares aonde as pessoas vão”, disse John Hanke, fundador e CEO da Niantic, em entrevista ao Mashable.
“Nós tivemos, essencialmente, dois anos e meio de pessoas indo a todos os lugares onde elas pensavam que deveriam jogar Ingress, então há locais até bem remotos. Há portais na Antártida e até no Pólo Norte”, acrescentou o executivo.
É provável que, conforme Pokémon Go se popularize e fique mais estável, a Niantic dará mais espaço para que os jogadores editem e ofereçam sugestões de pokéstops, ampliando o escopo e o alcance do game. Por enquanto, porém, os usuários ainda são reféns do antigo mapa de Ingress.