Nvidia é a grande vencedora da corrida da Bitcoin

Renato Santino09/02/2018 16h31

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Existe uma expressão do idioma inglês que diz que “a melhor coisa a se fazer durante uma corrida do ouro é vender pás”. A Nvidia está sentindo os efeitos de vender as pás para a mais recente corrida do ouro, que é a mineração de criptomoedas similares a Bitcoin e Ethereum.

A empresa reportou números trimestrais impressionantes na comparação do mesmo período do final do ano passado, com receitas na casa dos US$ 2,9 bilhões (10% de aumento) e lucro de US$ 1,1 bilhão (33% de aumento). “A demanda forte do mercado de criptomoedas excedeu nossas expectativas”, explica a diretora financeira Colette Kress.

Para quem não sabe, a mineração de criptomoedas é, de forma resumida, a prática de criar um sistema dedicado a validação das transações envolvendo alguma moeda. Como recompensa pelo trabalho de manter a rede funcionando, os mineradores recebem novas moedas. A atividade normalmente consome muita energia elétrica, especialmente com as criptomoedas mais consagradas e estabelecidas, de forma que, se o valor delas despencar, a mineração deixa de ser interessante e a rede pode ficar prejudicada.

As GPUs são parte primordial do equipamento do minerador amador, especialmente para mineração de Ethereum, a segunda moeda mais valiosa do momento, atrás apenas da Bitcoin. A mineração da Bitcoin, por sua vez, já não se beneficia mais tanto com GPUs pelo nível de exigência computacional, exigindo algo mais especializado, com um hardware projetado especificamente para essa funcionalidade, conhecido pela sigla ASIC (Circuito Integrado para Aplicação Específica).

A situação da Nvidia é curiosa, porque a empresa nunca abraçou oficialmente o mercado de criptomoedas, justamente por temer uma explosão da bolha. A companhia poderia ter ampliado o ritmo de produção de GPUs para aumentar a oferta e atender à demanda, mas se as criptomoedas vissem seu valor declinando rapidamente, logo as pessoas parariam de comprar o estoque excedente e, para piorar, inundariam o mercado com placas de vídeo de segunda mão baratas.

Essa situação gerou transtornos para quem queria comprar GPUs para finalidades que não têm a ver com criptomoedas, tanto para games quanto para fins profissionais como arte digital e pesquisas com inteligência artificial. As placas se tornaram difíceis de serem encontradas no mercado e as unidades usadas eram encontradas com preços muito mais altos do que o do varejo.

Mesmo vendo o impacto da febre da Bitcoin em seus resultados, a empresa promete continuar não focando seus esforços neste público, justamente porque se trata de um mercado extremamente volátil. “Estamos trabalhando muito duro para colocar GPUs no mercado para os gamers”, diz Jensen Huang, CEO da Nvidia.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital