Há quem diga que remakes de games antigos não são necessários. No entanto, me permito discordar dessa afirmação, principalmente no caso da saga Resident Evil. Tendo o terceiro game como favorito da franquia, reconheço que a jogabilidade é travada e os ângulos de câmera fixos podem afastar pessoas dispostas a conhecer a história.

Devido ao sucesso de vendas de Resident Evil 2, era de se imaginar que a Capcom faria também uma nova versão do terceiro título da franquia, já que eles se passam quase que simultaneamente. A surpresa veio quando rumores sugeriram que ambos estavam em produção conjunta, isso fez com que as pessoas ficassem receosas com o resultado.

No entanto, felizmente, posso afirmar que o jogo cumpre as expectativas e é um ótimo Resident Evil. O título pega tudo o que deu certo no lançamento anterior e melhora, além de adicionar algumas mecânicas próprias de jogabilidade.

A história deste título possui modificações significantes em relação à original. Áreas de exploração foram modificadas, cenários passaram por cortes e novas partes foram adicionadas. Desde o começo, a Capcom disse que se tratava uma reimaginação do título original, por esse motivo, obviamente, mudanças seriam feitas, tanto em questão de elementos do jogo quanto na história.

História

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Assumimos o papel de Jill Valentine, membro do grupo de elite S.T.A.R.S., se preparando para sair de Raccoon City após passar por situações traumatizantes em uma missão na Montanha Arklay, nos arredores da cidade – evento que pode ser visto no primeiro Resident Evil, em que temos Jill como protagonista. Porém, seus planos são interrompidos após uma ligação de Brad, outro membro dos S.T.A.R.S., avisando que a moça deveria fugir, já que algo está caçando os membros do time de elite.

A partir deste ponto, podemos ver como a cidade se tornou o caos visto em Resident Evil 2. Ao andar pelas ruas, além dos zumbis, ainda é possível ver alguns sobreviventes lutando para evitar serem mordidos pelas criaturas.

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Reconheço que algumas mudanças pontuais na história são necessárias para trazer mais identificação com os jogadores – como a troca do bonde que leva à Torre do Relógio por um metrô. Entretanto, com toda certeza, algumas mudanças vão incomodas os saudosistas. Vou falar sobre ela mais tarde.

Jogabilidade

A jogabilidade foi quase toda trazida do título anterior, Resident Evil 2, como a presença da câmera sobre o ombro dos personagens, controles responsivos e precisos. A grande adição do título é o sistema de esquiva. Ao pressionar o botão correspondente no momento certo, Jill pode se desvencilhar do ataque de zumbis e até do perigoso Nemesis.

Por falar em Nemesis, a presença das perseguições do monstrão representa um dos pontos altos do remake – em especial um momento de desespero dentro de uma construção, que resulta em uma ótima batalha. Cada grande encontro da moça com o vilão mostra que ele porta uma arma diferente – são tentáculos, lança-chamas, lança-foguetes.

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O que me incomodou um pouco durante meus testes foi a falta de puzzles. Eles até estão presentes, mas são poucos e podem ser resolvidos de forma simples. No então, isso é questão pessoal, coisa de usuário que passou muito tempo tentando resolver um enigma envolvendo um piano.

Um detalhe bastante interessante, e que veio diretamente do Resident Evil 3 original, é o espaço de inventário bastante reduzido. O jogo dá mais itens do que se pode carregar. Há vários momentos em que o jogador deve retornar aos baús para guardar itens que não serão utilizados naquele momento. Obviamente, há bolsas que expandem os espaços de armazenamento, mas elas acabam não ajudado muito, já que algumas armas e itens ocupam mais de um slot.

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É bastante comum em Resident Evil 3 Remake que a combinação de cofres e dicas sobre o que fazer em seguida estejam em documentos encontrados pelo caminho. Lê-los ajuda não só a entender a história, mas também a progredir em certos momentos.

Outro fator importante da experiência são os ângulos de câmera. Em alguns momentos de tensão – ou da realização de uma tarefa, como ativar terminais de energia – enquadramentos específicos são utilizados. É desesperador ver que Jill está no meio do processo de ativação de alguma alavanca e um monstro está chegando para atacá-la.

Nemesis

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Assim como na demo, Nemesis é um vilão implacável e uma pedra no sapato durante a exploração de alguns locais específicos. No entanto, ele não aparece tanto a ponto de atrapalhar o desenrolar do gameplay.

Os encontros são pontuais, sempre com animações tensas e que tentam mostrar ao jogador o que lhes espera. Normalmente, Nemesis só aparece em momentos pré-definidos, após pegar um item importante, por exemplo.

Como nem tudo é perfeito, uma coisa me incomodou um pouco. Se entramos em uma área em que ele não tem acesso após uma perseguição, há duas atitudes do vilão: ele fica esperando do lado de fora, olhando fixamente por uma janela, ou ele simplesmente some ao levantar um dos braços e soltar um tentáculo que o leva para cima.

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A primeira opção é até compreensível, já que ele tem conhecimento de que o jogador pode sair a qualquer momento. A segunda se torna estranha, é como se o monstro fosse o ‘Homem-Aranha’ e prendesse seu tentáculo em uma nuvem para sumir.

Entendo que ele deve sumir de uma área para aparecer em outra, mas isso poderia ser mostrado de maneira diferente, como vilão se agarrando em um prédio e subindo, por exemplo. Claro que isso é apenas uma observação pessoal. O fato dele sumir no ar não diminui o fator constante de medo causado por Nemesis cada vez que ele aparece.

Para os mais corajosos, há a opção de derrubá-lo por alguns segundos, basta causar dano o suficiente. Assim como no game original, ele deixa itens para o jogador. No entanto, não vale a pena, já que se trata de espólios comuns, como munição e itens de cura – contrariando rumores de que ele deixaria pedaços para montar uma arma.

Mapa

O mapa foi bem expandido em relação ao original. Em uma primeira jogada, não conhecendo nada da história e nem dos objetivos, levei cerca de sete horas para completar o jogo, mesmo deixando itens para trás.

A adição dos novos cenários é muito bem-vinda. Isso faz com que o jogo tenha um ar de novidade e não apesar uma versão renovada do clássico. Áreas foram expandidas, como é o caso da exploração do hospital ao assumirmos o controle de Carlos Oliveira.

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Infelizmente, como nem tudo é perfeito, uma área, considerada queridinha dos fãs – e com um dos puzzles que mais me deu trabalho – foi quase totalmente retirada e resumida a uma batalha específica.

Durant o jogo, é possível perceber que há mais vida em Racoon City – não na forma literal da palavra, obviamente. Os cenários são bem mais explorações e escondem surpresas e perigos a cada esquina. Inimigos novos ajudam o game a construir uma identidade própria, sem precisar se apoiar no legado da saga.

Gráficos

Os gráficos do jogo estão bem bonitos. Isso acontece graças ao motor gráfico RE Engine, criado pela Capcom e aplicado aos jogos recentes. Os grandes destaques ficam para os detalhes do cenário e o jogo de luz em sombra – que, em alguns momentos, é até capaz de prever o perigo.  

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É compreensível parar por alguns momentos e admirar os detalhes de cartazes, fachadas de lojas e até dos zumbis, que, dependendo do ponto onde são atingidos por tiros, apresentam danos específicos e podem até ser desmembrados conforme a parte do corpo em que as balas acertam.

Resident Evil Resistance

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Todos que comprarem o jogo, recebem acesso ao modo online Resident Evil Resistance. O título, anunciado como uma experiência multiplayer, coloca quatro sobreviventes em situações de perigo enquanto tentam escapar de locais específicos com vida. 

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No entanto, um vilão, conhecido como Mastermind, tem como objetivo frustrar a fuga dos sobreviventes colocando armadilhas, monstros e desafios no caminho. O modo apresenta uma gameplay divertida e variada, com modificações em cada partida dependendo do personagem escolhido, já que casa um possui uma habilidade específica. 

No começo, o modo é interessante e empolgante, mas apresenta elementos vistos em outros títulos semelhantes, como ‘Dead By Daylight‘ e ‘Friday the 13th‘.

Outro problema, e que deve ser resolvido pela Capcom o mais depressa possível para evitar que as pessoas cansem do título, é a questão do Mastermind não ter um limite de inimigos para colocar nos cenários. Por exemplo, em um corredor estreito, é possível colocar zumbis, cachorros, um Mister X e até montar uma metralhadora. Tudo isso para matar os sobreviventes e diminuir o tempo – localizado na parte superior da tela – que eles têm para fugir. 

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Isso faz com que as partidas sejam quase sempre ganhas pelo vilão, sem a possibilidade de reação dos sobreviventes. Isso pode ser resolvido com uma atualização, como limitar o número de inimigos gerados por determinado tempo, fazendo com que o jogo seja mais justo, por exemplo. 

Conclusão

Devido às mudanças, principalmente na falta de alguns cenários e inimigos, Resident Evil 3 Remake não deve agradar a todos. Mesmo assim, é um título que vale a pena por seu apelo ao original e pelas mudanças que fazem a jogatina interessante. 

Vale lembrar que essa é apenas a reimaginação de um clássico. O game original não deixará de existir e muito menos fazer parte da cronologia da saga com esse lançamento. O jogo tem tudo para agradar jogadores novos, que querem conhecer a franquia, e os antigos que, como eu, têm o game original como favorito.

Com boas doses de tensão, momentos de exploração e gerenciamento de recursos, Resident Evil 3 pode ser considerado um ótimo jogo, além de uma boa opção enquanto a Capcom não revela suas intenções para Resident Evil 8.

O jogo chegou às lojas hoje, 3 de abril, para PlayStation 4, Xbox One e PC custando R$ 249,50 e R$ 129,99, respectivamente.

Para a realização desta análise, a Capcom enviou ao Olhar Digital uma cópia digital do jogo para Xbox One.