Review: Ori and the Will of the Wisps

Com visuais de tirar o fôlego e dificuldade equilibrada, o game apresenta uma das melhores experiências de jogos 2D
Luiz Nogueira10/03/2020 11h04

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Em 2015, quando foi lançado, ‘Ori and The Blind Forest‘ foi um sucesso instantâneo. O game, que mistura o famoso gênero metroidvania com estilo gráfico incomparável, apresentava uma história tocante sobre amor e amadurecimento.

Aproveitando o sucesso do primeiro título, a Moon Studios, desenvolvedora do game, anunciou sua continuação, ‘Ori and the Will of the Wisps‘, durante a E3 de 2017. A revelação causou uma grande ansiedade nos fãs. No entanto, desde então, pouco se sabia sobre o título. Eis que, finalmente, podemos jogar o tão aguardado jogo, em uma aventura ainda mais tocante – dessa vez focada em perda e reencontro.

No novo game, controlamos Ori em um cenário totalmente novo. A premissa é simples: durante um voo ao lado de Kun, Ori e a pequena coruja se separam. Em uma terra desconhecida, o personagem deve resolver enigmas e enfrentar grandes perigos para conseguir liberar os habitantes do local dos inimigos presentes nas profundezas – além de reencontrar o amigo indefeso.

História

Assim como o game anterior, ‘Ori and the Will of the Wisps’ apresenta personagens cativantes e sequências de embasbacar qualquer um pela sensibilidade e leveza com que alguns assuntos são tratados. O sentimento de perda e morte estão sempre presentes, e reforçados pelas situações enfrentadas por Ori em sua jornada.

No título atual, Ori, Gumo e Naru cuidam de um pequeno pássaro, filho de Kuro, vilão do game anterior. Com uma asa não desenvolvida, o recém-nascido enfrenta dificuldades para voar. Ori utiliza a pena azul, elemento da primeira aventura, para ajudar o pássaro.

Reprodução

Durante um passeio para testar a eficácia da solução, uma tempestade acaba separando os personagens. É aí que a aventura se inicia. Ori deve atravessar paisagens inóspitas e locais com grandes perigos para reencontrar o pequeno pássaro.

Em relação ao jogo anterior, há um apelo maior à emoção. Com momentos em que a situação debilitada do pássaro é mostrada conforme se avança na história. A narrativa é complementada com a presença de chefões em algumas áreas. Essas batalhas são responsáveis por alguns dos melhores momentos do game – além de testarem toda a habilidade do jogador com as vantagens adquiridas.

A presença de NPCs (Personagens não jogáveis) em áreas específicas faz com que a aventura fique mais dinâmica e completa. Além de dar dicas sobre a situação dos locais, os personagens vendem aprimoramentos e oferecem missões secundárias, responsáveis por diversificar a aumentar o tempo de jogo consideravelmente.

Por conta disso, a sensação de isolamento do jogo anterior não está presente, mas isso não é ruim. Mostra que o jogo conseguiu se reinventar em alguns conceitos criados pelo gênero em que se enquadra como a exploração minuciosa dos cenários e a ideia de voltar a um mesmo local mais de uma vez para atravessar áreas antes inacessíveis.

Jogabilidade

A jogabilidade está mais fluída e com algumas melhorias bem-vindas. Agora, Ori é o responsável direto pelos ataques aos inimigos. Usando habilidades como um chicote e um arco e flechas, é possível dar cabo das ameaças presentes em todo o mapa.

É possível modificar o arsenal do personagem a todo o momento, atribuindo armas diferentes em cada um dos botões principais do controle (X, Y, B). A presença de puzzles faz com que o jogador deva pensar em qual é a habilidade certa para superar os desafios propostos e acessar locais diferentes.

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Além disso, o jogador agora pode equipar três habilidades passivas. Com elas, é possível que o personagem receba menos dano de ataque, tenha sua vida máxima aumentada e que os inimigos deixem cair mais itens ao serem derrotados.

Os controles básicos, assim como é comum nos games metroidvania, continuam os mesmos. O pulo simples vem habilitado no botão principal do controle (A), enquanto as setas controlam o personagem. Conforme se avança na história, os botões do ombro do controle são usados para habilidades especiais, como o rolamento e uma espécie de pulo especial.

A experiência de controle é boa, com comandos simples e intuitivos. No entanto, há alguns problemas de precisão em alguns momentos, principalmente quando se exige pulos certeiros em plataformas localizadas no meio da água. Entretanto, isso não atrapalha a experiência.

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Outra mudança importante de jogabilidade está no sistema de salvamento de progresso. Anteriormente, os usuários usavam cristais de energia para criar pontos de salvamento no mapa. Agora, o progresso é salvo automaticamente.

De acordo com os produtores do título, essa mudança foi feita por conta da falta de adaptação dos jogadores com o sistema. Era bastante comum que se esquecesse de salvar o jogo a todo o momento, fazendo com que, se o personagem morresse, fosse necessário voltar de uma área longe do ponto em que se encontrava.

Outra reclamação dos jogadores é a dificuldade em alguns dos momentos do título anterior. Neste jogo ela foi equilibrada e está mais justa. Ainda há momentos de frustração durante a jogatina. No entanto, em menor quantidade.

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O grande destaque do título fica para os momentos em que há perseguições dos chefes. O jogador deve usar todas as habilidades para desviar de obstáculos enquanto foge de monstros gigantes prontos para ceifar a vida de Ori.

Vale lembrar que a Microsoft prometeu uma atualização Day One do game. Isso significa que alguns dos bugs relatados serão corrigidos através de uma atualização disponibilizada no dia do lançamento de ‘Ori and the Will of the Wisps’.

Gráficos

O Moon Studios se destacou no primeiro game por conta dos gráficos apresentados. Os cenários, pintados à mão, dão um visual característico e especial para o título. Esse detalhe foi elevado à máxima potência na continuação.

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A ambientação continua magnífica, com uma trilha sonora orquestrada que dá o tom para a aventura. O grande destaque fica para os embates com os chefes, em que o jogador encontra músicas próprias e que combinam perfeitamente com o momento de tensão.

Os tons escuros ajudam a dar a sensação de perigo e medo, enquanto os tons mais claros – que permeiam o ambiente em que os NPCs se encontram – transmitem calma e demonstram que o jogador pode se sentir aliviado por alguns momentos.

As animações são um show e tanto. Os tons fortes e o traço marcado mostram o cuidado do estúdio em entregar uma peça importante para o game: seu visual.

Mapa

O mapa da aventura é gigantesco, com diversas passagens principais e lugares escondidos com itens especiais para explorar. A presença das missões secundárias acaba tornando o título ainda maior. Isso porque é bastante comum o jogador ter de voltar em locais específicos para coletar itens ou realizar tarefas determinadas por outros personagens – aqui está o fator replay e vontade de fazer 100% das conquistas para quem gosta.

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Ouso dizer que o jogo é três vezes maior que o antecessor, com várias paisagens distintas para explorar. Os níveis – apenas de não ter uma divisão exata – são divididos por áreas. É normal que um NPC proponha uma tarefa que está “fora” do mapa. A posição da tarefa só é revelada conforme o jogador navega pelos cenários.

Os puzzles ajudam na revelação das áreas exploráveis, com sistemas de alavancas que revelam diferentes camadas de um mesmo local. Por esse motivo, explorar 100% da aventura será uma tarefa árdua, mas recompensada pelos aprimoramentos e vantagens que podem tornar a jornada um pouco mais fácil.

Conclusão

‘Ori and the Will of the Wisps’ apresenta tudo o que os fãs do título original desejam. O projeto apresenta uma nova história, com novos locais e personagens para serem explorados e apreciados. Além de descobrirmos o destino de Ori.

Com uma narrativa leve e poética, o game pode entreter por horas por conta das mecânicas simples empregadas pelo Moon Studios. Os cenários são um show à parte e mostram que não é necessário um orçamento gigantesco para fazer um game memorável.

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O título é indicado para quem é fã do primeiro ou para quem está conhecendo tardiamente essa história. A ideia de manter o que deu certo, e melhorar alguns pontos faz de ‘Ori and the Will of the Wisps’ um jogo indispensável para os fãs do gênero – e para quem só quer gastar algumas horas em um projeto que vale a pena.

‘Ori and the Will of the Wisps’ chega em 11 de março para Xbox One e PC. O valor sugerido para ambas as versões é de R$ 129,00. Para os assinantes do Game Pass, o título chega no mesmo dia do lançamento.

Para testar o jogo, a Xbox Brasil enviou ao Olhar Digital uma cópia do game para Xbox One.

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital