Review do Need for Speed Heat: o retorno à boa forma da franquia

Último jogo de corrida da série Need for Speed reúne tudo o que foi visto de bom nos últimos títulos e atende ao que os fãs vinham pedindo para retornar no game. Veja nossa análise!
Alvaro Scola04/12/2019 15h44, atualizada em 04/12/2019 17h58

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O Need for Speed é um dos jogos mais antigos de corrida, que marcou gerações com títulos clássicos tendo a sua saga iniciada ainda nos anos 90 nos PCs e videogames, como o 3DO e o PlayStation 1. Para continuar sempre em alta, o jogo já mudou a sua abordagem algumas vezes deixando de trazer apenas carrões em cenários bonitos para também ter corridas profissionais e até ilegais, os famosos rachas.

Após ter sido alvo de polêmicas por conta de microtransações em seu último título, o jogo decidiu mudar um pouco a abordagem para o Need for Speed Heat, o novo jogo da série, trazendo elementos que os seus fãs estavam aguardando há bastante tempo. O Olhar Digital jogou este último título e lhe conta a seguir o que achou dele em detalhes.

História

Os jogos de corridas possuem vários aspectos a serem avaliados e a história nem sempre é essencial para eles fazerem sucesso. Entretanto, Need for Speed Heat, assim como seus antecessores, faz questão de ter uma história e traz até mesmo missões para progredir nela.

Assim, você se encontra no papel de um piloto novato, que acaba de chegar em Palm City e quer fazer a sua história nas ruas. Para isso, o jogo inclui dois tipos de corridas, em que as que acontecem de dia são legalizadas e, as de noite são ilegais, sendo esta última onde a história do jogo acaba se concentrando.

Já o tenente Frank Mercer é um dos policiais responsáveis por manter a ordem em Palm City e abre o jogo com uma cena onde mostra que ele está perdendo a sua paciência com as corridas ilegais, prometendo não oferecer vida fácil para quem for pego nelas. Para isso, é claro, a polícia contará também com carros de ponta e algumas outras tecnologias, que devem atrapalhar o sonho do protagonista.

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Por sua vez, você que acaba de chegar na cidade, conhece a Ana, a irmã de um ex-corredor e atual mecânico da cidade, responsável pela oficina da família Rivera. Como é de praxe da série, Ana vai lhe falar que quer fazer sucesso nas corridas e lhe convidará para fazer parte de sua equipe, mas que será preciso conquistar o respeito nas ruas correndo contra seus maiores adversários. Já o seu mencionado irmão é quem vai lhe dar uma ajuda inicial e te ajudar com os upgrades a serem feitos no carro, também lhe oferecendo um primeiro veículo por um preço mais em conta, mas sem ser muito potente.

De forma geral, a história de Need for Speed Heat é bem clichê e não inova muito, trazendo assuntos que já vimos nos outros games da série, mas com novas pessoas para a trama. As falas dos personagens do jogo também não possuem um grande roteiro por trás, mas isso não chega a ser um ponto negativo. Inclusive, algo um pouco chato que ocorre, é que quando você não segue as missões, muitas vezes os personagens te ligam para falar algo que já foi dito anteriormente.

Apesar de ser uma história bem básica, o ritmo do jogo acaba sendo ditado por ela poucas vezes, já que você tem diversos eventos que ocorrem na cidade sem ter que assistir as animações ou prestar atenção nas falas. Já uma parte um pouco mais irritante, acaba sendo quando é necessário seguir outros pilotos, que parecem não estarem muito a fim de correr pelas ruas e são os únicos que sabem o caminho a ser seguido.

Assim, apesar de a história não ser digna de nenhum prêmio, ao menos ela te prende o suficiente para saber o que acontecerá no fim e não atrapalha o andamento do jogo, já que as corridas que acontecem em paralelo são o principal foco dele.

Gráficos

O gráfico do Need for Speed Heat pode ser considerado bom, mas nem sempre ele é bonito. Calma, nós explicamos!

Como você deve ter percebido pelos outros pontos abordados, o jogo tem corridas de dia e a noite, sendo que essa última, mais uma vez, é quem rouba a cena com os efeitos de neon e outros detalhes. De forma geral, quando você está correndo, o gráfico do jogo acaba sendo bem bonito devido aos seus efeitos especiais, que acaba usando o clássico motion blur para borrar a tela ou até mesmo a chuva, que traz aquele clássico efeito das gotas pingando e escorrendo por sua tela sem lhe atrapalhar.

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Por outro lado, toda essa parte bonita que você vê quando corre não é refletida vista quando você para o seu carro e deseja apenas admirar algo no cenário ou em sua paisagem. Assim, em Need for Speed Heat não é incomum que você encontre vegetações com baixa resolução e até mesmo elementos dos cenários com serrilhados e texturas pouco trabalhadas, como essa vista em um de seus postos de gasolina.

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Mais um ponto que também não é muito bonito para ser admirado é o visual de seus personagens, em que os modelos são um pouco mais quadrados. Felizmente, é claro, você não os verá a todo momento, já que a ação mesmo está na corrida.

Por sua vez, os carros, já são completamente o oposto e tem gráficos bonitos, estando repletos de detalhes para ficarem sendo observados. Entretanto, o mesmo ponto abordado para itens com baixa definição reaparece aqui, mas apenas em alguns momentos onde adesivos são vistos no carro em telas de carregamento.

Jogabilidade e as corridas

A maioria dos jogos de corrida de hoje em dia são simuladores, mas essa nunca foi a maior marca registrada de Need for Speed, que só se arriscou um pouco nela com os títulos de Shift 1 e 2. Já em Heat, a tradição da franquia se mantém e ele quer oferecer apenas diversão, sendo assim parte do gênero arcade.

Quando joguei Need For Speed heat pela primeira vez, devo admitir que estranhei bastante o controle do carro, sendo que minha última experiência com a série foi o Need for Speed (2015). Assim, no começo, eu tive uma impressão de que o carro não gostava muito de fazer curvas sem ter que apelar ao drift, mas vi que eu estava um pouco errado, quando vi e testei as outras opções de ajustes para serem feitos nos carros.

Dessa forma, após algumas horas jogando, eu já havia me adequado a dirigibilidade deles e resolvi ter um carro para cada um dos tipos de corrida abordados, que são: pista, off-road, drift e estrada. Um único detalhe que pode não agradar a todos, é que o Drift de Need for Speed Heat é feito na maioria das vezes ao “apertar” o botão do acelerador duas vezes e não com o freio de mão.

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Inclusive, apesar de você poder comprar um carro e deixá-lo sem qualquer característica de drift, algumas dificuldades podem surgir na hora de fazer curvas mais fechadas. Isso acontece, pois, a inteligência artificial do jogo, na maioria das vezes, faz com que os carros de seus adversários sejam tão rápidos quanto você, perdendo apenas mais tempo ao fazerem as curvas por seguir o traçado certo. Assim, se você quer uma forma mais fácil de ganhar as corridas, a solução é você se aproveitar do drift e pequenos “atalhos”, que podem ser feitos com ele encurtando a curvas.

Os tipos de corrida, por variarem bastante, acabam deixando o jogo com uma boa variedade de estilos. Já voltando a falar da inteligência artificial dos oponentes, é necessário dizer que ela oscila e não é constante.

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Em determinadas corridas, com um carro de potência similar ao de seus oponentes, você terá disputas bem acirradas vencendo nos últimos segundos e perdendo posições no percurso, isso ao jogar no nível médio ou difícil, entre os quais fiquei alternando. Em outros momentos, até mesmo com um carro de menor potência, você consegue vencer a corrida com mais de um quilômetro de distância para o segundo colocado, isso sem nenhum motivo aparente.

Outro aspecto importante, ainda em a inteligência artificial, também fica por conta da polícia do jogo, que no começo se mostra bastante agressiva e torna algumas fugas quase impossíveis de serem realizadas. Apesar de isso parecer um ponto negativo, eu achei a experiência bem divertida de ter que fugir deles e, ao fazer um upgrade nos itens de série do carro, a fuga se torna uma tarefa mais fácil e agradável.

Já quem não tem um carro potente, poderá encontrar dificuldades para despistar os policiais no meio da cidade e terão que recorrer a outros meios. Um deles, por exemplo, é utilizar as rampas do jogo, que te fazem pular de alguns locais para outros, o que geralmente faz a polícia te perder de vista.

Aliás, algo que considerei bem interessante em Need for Speed Heat, é que quando você está correndo, existe a possibilidade de a polícia invadir a corrida, perseguindo a você e seus adversários. Assim, enquanto você está correndo, também será necessário despistar os policiais, que podem até lhe fazer perder algumas posições ou te ajudar, caso eles estejam interessados nos outros pilotos.

Assim, no que diz respeito a jogabilidade, é verdade que você terá que se adaptar ao jogo, caso você esteja acostumado acostumado com outros títulos de corrida, mas ela é bem satisfatória e lhe abre um sorriso quando você aprende a fazer curvas sem perder velocidade e passando por seus oponentes. Já outro ponto que pode não agradar muito a todos, também é a ausência da visão do cockpit, mas que aqui, honestamente não fez falta para mim, já que acho que essa visão não se casaria muito bem com a jogabilidade implementada no título.

Mais um item também muito pedido pelos fãs da franquia Need for Speed era o dano nos carros. Aqui, em Heat, eles existem e realmente fazem alguma diferença na hora de pilotar, mas apenas quando atingem níveis críticos. Já para consertar o seu carro, você poderá passar por um posto de gasolina em até três vezes por período ou apenas ir até a oficina ou esconderijo mais próximo.

Nem só de corridas é feito o jogo

Além das corridas que são necessárias para se prosseguir no jogo. O Need for Speed Heat também traz outros elementos para serem conquistados no mapa, que são fruto de seus antecessores e adicionam mais horas para o jogo.

Assim, você encontrará no mapa do jogo radares de velocidade, outdoors para serem destruídos, caminhos de drift e até adesivos colecionáveis para serem destravados. Tudo isso, é claro, acaba prolongando a vida do jogo, que acaba levando entre 10 a 15 horas para ser zerado.

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Esses itens, é claro, não são essenciais para zerar o jogo, mas eles podem acabar rendendo algumas recompensas interessantes. Um exemplo, é que ao finalizar um desses colecionáveis, você pode pegar um carro de graça, o que não é nada mal.

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A mecânica de noite e dia

Mais um dos pontos cruciais de Need for Speed Heat e que determina bem o ritmo de jogo é justa essa mecânica de dia e noite. Diferente de outros jogos, em Palm City, o tempo não passa só por correr no jogo, e é você quem decide se correrá de noite ou de dia.

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A princípio, isso pode até parecer confuso, mas faz todo sentido ter que escolher a hora em que você vai correr devido a mecânica do jogo. Ao correr durante o dia, ou seja, nos eventos oficiais e legalizados, você obtém apenas dinheiro, que é claro, é utilizado para comprar os carros e fazer a tunagem deles.

Já as corridas de noite não vão lhe render dinheiro, mas só te darão reputação. Apesar de isso soar estranho e o nome dar a impressão de que isso não tem valor, é justamente ao atingir níveis novos de reputação, que você desbloqueia carros e peças novas para eles.

Nas oficinas do jogo, ainda existem algumas opções de desafios para serem feitos de dia ou a noite, que lhe ajudam a pegar um nível maior de recompensa ou mais dinheiro.

A volta da tunagem em grande estilo

Quando o Need for Speed Underground foi lançado, os seus jogadores ficaram bem contentes com as opções para customizar os seus carros, que podiam ter praticamente todos os seus elementos modificados. Esse ponto positivo, foi mantido em Need for Speed Underground 2, mas acabou ficando cada vez mais simplificado nos títulos posteriores da série.

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Já o Need for Speed Heat acaba trazendo justamente um bom sistema de customização de volta ao jogo, que não diz respeito a fazer apenas mudanças no motor, pneu e outros itens. Aqui, apesar de o sistema não ser tão profundo quanto no passado, o jogador consegue criar um visual único para o seu carro.

Inclusive, uma adição bem-vinda ao jogo é a possibilidade de ver os visuais criados pela comunidade. Então, se você não está com a criatividade muito em alta ou quer apenas o visual de um carro, que você viu nos Velozes e Furiosos, é só entrar lá e baixar ele ou ficar rodando pelas inúmeras opções disponíveis.

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E, por fim para esse quesito, assim como mencionado no começo do texto, o Need for Speed Heat não possui qualquer tipo de microtransação, pelo menos até o momento da publicação dessa análise. Assim, se você quer melhorar o seu carro ou pegar algum upgrade, basta correr e economizar dinheiro, além de ter o nível de recompensa mínimo para o item desejado estar desbloqueado.

Conclusão

O Need for Speed heat é um dos melhores títulos da série desde o começo dos anos 2000 e após a febre de Underground 1 e 2. É verdade que o título ainda possui alguns defeitos, como um gráfico não tão bonito, uma história fraca e a jogabilidade um pouco diferente do usual.

Esses defeitos, entretanto, não chegam a atrapalhar o jogo em momento algum, que é bem divertido e tem vários extras e motivos para te manter por um bom tempo preso a ele sem perder o ritmo.

Dessa forma, é até possível dizer que o Need for Speed Heat reúne tudo o que vimos de bom em seus títulos anteriores, enquanto tenta reparar alguns erros como remover as microtransações ou até o fato de não poder pausá-lo enquanto estivesse jogando.

O Olhar Digital testou o jogo na versão para PC com todos os gráficos configurados no máximo.

Editor(a)

Alvaro Scola é editor(a) no Olhar Digital