Nintendo completa 130 anos. Conheça 10 curiosidades sobre a empresa

De cartas de baralho aos consoles modernos, muita coisa aconteceu até a Nintendo ser a gigante que é hoje
Rafael Rigues24/09/2019 15h38, atualizada em 24/09/2019 17h00

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Quem vê a imagem jovial associada a Mario, Yoshi, Link e outros personagens da Nintendo pode ser surpreender com a notícia, mas a empresa japonesa acaba de completar 130 anos. E nesse período, muita coisa aconteceu até que ela conseguisse o sucesso com os videogames.

Para celebrar a data, preparamos este artigo com 10 curiosidades sobre a empresa. E pode acreditar, tem coisas que você nem imagina!

O significado do nome

O nome Nintendo pode ser traduzido como “deixe a sorte para os céus”, uma alusão ao seu passado como fabricante de jogos de cartas.

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Os caracteres em Kanji que formam o nome Nintendo.

Tradição familiar

Durante muito tempo a Nintendo seguiu a tradição oriental de empresas que são passadas de pai para filho. A empresa foi fundada em 1889 com o nome de Nintendo Koppai por Fusajiro Yamauchi. Fusajiro não teve filhos homens, então quando deixou a empresa em 1929 seu genro, Sekiryo Kaneda, assumiu o nome Sekiryo Yamauchi e se tornou diretor da empresa.

Por sua vez, Sekiryo deixou a Nintendo em 1949, após sofrer um derrame, e recrutou seu neto Hiroshi Yamauchi, então com apenas 21 anos, para o comando. O “jovem” Yamauchi comandou a Nintendo por 53 anos, período que inclui desde suas primeiras aventuras no mercado de videogames até o lançamento do Gamecube.

A tradição familiar só foi quebrada em 2002, quando Hiroshi Yamauchi se aposentou e Satoru Iwata assumiu a companhia até sua morte, em 2015. Desde então a Nintendo foi presidida por Tatsumi Kimishima, até 2018, e atualmente é comandada por Shuntaro Furukawa.

Começou fazendo baralhos

Entreteninento sempre esteve no DNA da Nintendo: seu primeiro produto foram cartas de baralho para um jogo japonês chamado Hanafuda. O governo japonês proibia jogos de cartas pois partidas a dinheiro eram uma das fontes de renda da Yakuza, a máfia japonesa. Mas a proibição era específica para certos tipos de jogos e Hanafuda, que era visto como um jogo de “combinar figuras”, era permitido.

Para a sorte de Fusajiro a Yakuza criou um meio de transformar o Hanafuda em um jogo competitivo, com regras que determinavam uma pontuação para cada combinação. Isso fez a demanda pelos baralhos da Nintendo, que eram feitos à mão, explodir, já que a cada partida os jogadores abriam um baralho novo.

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Alguns dos baralhos que ainda são produzidos pela Nintendo.

Em homenagem a esta tradição, até hoje a Nintendo produz baralhos. Entre eles decks com ilustrações clássicas e outros mais modernos com personagens como Mario ou Splatoon.

Motel, Taxi e Arroz Instantâneo

Quando assumiu a Nintendo, Hiroshi Yamauchi decidiu diversificar os negócios para fazer a empresa crescer e “deixar sua marca”. Então começou a investir em uma série de estratégias, digamos, furadas: entre elas a Nintendo teve uma rede de motéis (sim, é o que você está pensando), uma empresa de Taxi e até se aventurou em produzir arroz instantâneo, embalado em porções individuais. Para felicidade dos gamers, nenhuma delas deu certo.

O primeiro console não foi o NES

Engana-se quem pensa que o primeiro console de videogames doméstico da Nintendo foi o Famicom (ou NES nos EUA). O título cabe ao Color-TV Game 6, um clone de “Pong” da Atari, lançado em 1977. A série Color-TV Game foi composta por 4 consoles (Color-TV Game 6, Color-TV Game 15, Color-TV Racing 112 e Color-TV Block Breaker), que juntos venderam quatro milhões de unidades.

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Color-TV Game 6, o primeiro console doméstico da Nintendo

O sucesso nos arcades veio de um fracasso

O primeiro grande sucesso da Nintendo nos arcades foi Donkey Kong, em 1981. Mas o jogo não teria existido se não fosse o fracasso de um título anterior, um “shooter” chamado Radar Scope.

Inicialmente o jogo teve algum sucesso no Japão, o que fez com que Minoru Arakawa, presidente da Nintendo nos EUA, encomendasse três mil máquinas de arcade, antecipando uma grande demanda. Mas quando as máquinas chegaram aos EUA, quatro meses depois, o jogo não agradou aos gamers americanos. E pra piorar, a popularidade no Japão já tinha caído, então as máquinas não poderiam ser devolvidas.

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Radar Scope. Se você curte Mario e Donkey Kong, agradeça ao fracasso desse jogo.

Como resultado, a Nintendo ficou com 2 mil unidades paradas em um depósito. Sem saber como reverter o prejuízo, Arakawa pediu à Nintendo no Japão que criasse um novo jogo como um “kit de conversão”, que pudesse ser instalado no hardware de Radar Scope. O projeto escolhido foi Donkey Kong, de Shigeru Miyamoto, na época um jovem artista da empresa.

A ameaça da Yakuza

A máfia japonesa está sempre de olho em uma oportunidade de lucro, e em 1990 os videogames eram um negócio extremamente lucrativo. Portanto, quando soube do lançamento do Super Famicom (Super NES no ocidente) a Yakuza bolou um plano: roubar caminhões com os consoles, para depois revendê-los com ágio no mercado negro a gamers ansiosos por ter a última novidade.

A Nintendo soube do plano e com isso alterou a estratégia de distribuição do console: os caminhões circulavam apenas á noite, com menor visibilidade, e acompanhados por escolta.

O gênio escondido

Em 1966 Hiroshi Yamauchi fez uma visita a uma fábrica de cartas da Nintendo, quando notou um funcionário da manutenção chamado Gunpei Yokoi brincando com uma “mão biônica” extensível que tinha inventado. Intrigado, ele ordenou ao funcionário que desenvolvesse o brinquedo para lançamento no Natal daquele ano. Foi um enorme sucesso, e mais de 1 milhão de unidades da Ultra Hand foram vendidas.

Yokoi então se tornou um designer na Nintendo, primeiro de jogos mecânicos e em 1974 de jogos de arcade. Foi ele quem projetou o hardware de Radar Scope (que foi reaproveitado em Donkey Kong), o Game & Watch e o Gameboy.

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Gunpei Yokoi.

Em 1996 Yokoi deixoi a Nintendo, após 31 anos de casa, e fundou a Koto, uma empresa que desenvolveu para a Bandai um console portátil chamado WonderSwan, um dos únicos a realmente desafiar a supremacia do Gameboy no mercado japonês.

Yokoi morreu em um acidente de trânsito em 1997. Em sua homenagem, um dos primeiros jogos para o WonderSwan foi batizado de Gunpei!.

Um grande fracasso

Em 1995 o Gameboy já tinha 6 anos de mercado, e a Nintendo procurava algo novo. Yokoi decidiu apostar no conceito de “realidade virtual” e criou um “portátil” que colocaria o gamer praticamente dentro dos jogos, o Virtual Boy.

O console tinha forma de um “óculos” gigantesco onde havia duas telas, uma para cada olho. Embora monocromáticas e capazes de produzir imagens apenas em tons de vermelho, elas eram capazes de produzir um efeito 3D e o processador de 32 Bits do console era capaz de gráficos e som muito superiores ao que o Gameboy poderia fazer.

O problema é que o Virtual Boy era a antítese da portabilidade: os óculos era tão pesados que tinham que ser apoiados em um tripé em cima de uma mesa. E para piorar, gamers reclamavam de dores de cabeça e enjôo depois de longas sessões com o console. Isso levou a Nintendo a incluir nos jogos avisos a cada 15 minutos para que os gamers fizessem uma pausa e deixassem os olhos “descansar”.

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Virtual Boy. Anos mais tarde o design do controle inspirou os controles do Gamecube.

Tudo isso, combinado com o alto preço de US$ 180 (cerca de US$ 300 ou R$ 1.200 na cotação atual) fez com o que o console o pior fracasso da Nintendo: apenas 770 mil unidades foram vendidas, e 14 jogos foram lançados. O console foi descontinuado após apenas seis meses no mercado, para que a Nintendo pudesse concentrar seus esforços no Nintendo 64.

Em defesa de Yokoi, há quem afirme que ele nunca pensou em lançar o Virtual Boy como estava e que o console foi “apressado” pela Nintendo, que queria um produto fresco nas prateleiras para fazer caixa enquanto não lançava o Nintendo 64.

O nome do Mario

Em 1981 a sede da Nintendo nos EUA ficava em galpões alugados, e por causa de dificuldades financeiras da empresa, devido ao fracasso de Radar Scope, o aluguel estava atrasado. Então o dono do imóvel resolveu ir até o local cobrar a dívida.

Seguiu-se uma acalorada discussão com Minoru Arakawa, presidente da Nintendo nos EUA, na frente dos funcionários. Até que o furioso proprietário, um americano de origem italiana, aceitou uma promessa de pagamento em breve e foi embora. Seu nome? Mario Segale.

Mais tarde, durante o desenvolvimento de Mario Bros. para os arcades, funcionários da Nintendo decidiram rebatizar o personagem principal. O “carpinteiro” que em Donkey Kong se chamava Jumpman virou Mario, em ‘homenagem’ ao proprietário.

E segundo Shiguery Miyamoto, criador dos personagens, o sobrenome de Mario e Luigi é “Mario”. Então os irmãos são Mario Maio e Luigi Mario.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital