Facebook retira jogos de aplicativo para poder lançá-lo para iOS

Depois de meses de disputa com a Apple, o app Facebook Gaming finalmente será lançado para iPhone e iPad, mas sem nenhum dos minigames
Renato Mota07/08/2020 15h33

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Não teve outro jeito. Para poder lançar o app Facebook Gaming na App Store da Apple, a rede social teve que remover os minijogos disponíveis no aplicativo. A plataforma de streaming de jogos, que rivaliza com o Twitch e o YouTube, foi rejeitado pelo menos seis vezes na loja do iOS desde abril.

“Infelizmente, tivemos que remover totalmente a funcionalidade de jogos para obter a aprovação da Apple no aplicativo autônomo do Facebook Gaming – o que significa que os usuários do iOS têm uma experiência inferior à do Android“, afirmou a chefe de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, em comunicado à imprensa.

A justificativa da Apple, de acordo com a rede social, é que a versão anterior do app violava a diretriz 4.7 da App Store, alegando que o principal objetivo do aplicativo Facebook Gaming é jogar. O Facebook diz que compartilhou dados da versão Android, que mostrou 95% do tempo de atividade dos usuários é assistindo transmissões, mas isso não mudou a posição da Apple.

“Estamos focados na construção de uma comunidade de mais de 380 milhões de pessoas que assistem jogos no Facebook todos os meses – independentemente de a Apple permitir ou não em um aplicativo independente”, disse Sandberg.

Não foi a primeira vez que o Facebook enfrentou problemas na App Store. “Mesmo no aplicativo principal do Facebook e do Messenger, fomos forçados a excluir os Instant Games por anos no iOS”, explica Vivek Sharma, chefe do Facebook Gaming, em entrevista ao The Verge. “Isso é uma dor compartilhada em toda a indústria de jogos, algo que prejudica jogadores e desenvolvedores e a inovação no celular para outros tipos de formatos, como jogos na nuvem”.

Outra empresa que está enfrentando problemas semelhantes é a Microsoft, que no início desta semana encerrou os testes do serviço de jogos na nuvem xCloud em iPhones e iPads. A companhia não divulgou a razão para o fim dos testes, mas é provável que o fato tenha relação direta com as políticas da App Store da Apple.

Mesmo a fase experimental do serviço foi bastante limitada em iPhones e iPads: o único game disponível era “Halo: The Master Chief Collection”, e apenas 10 mil usuários poderiam testar o serviço.

“Nosso período de testes do Project xCloud foi encerrado no iOS e estamos concentrados em desenvolver jogos na nuvem como parte do Xbox Game Pass Ultimate para consumidores do Android a partir do dia 15 de setembro”, explicou um representante da Microsoft ao The Verge. Em um comunicado, a Microsoft condenou a medida, dizendo que “a Apple permanece sozinha como a única plataforma de uso geral a negar aos consumidores serviços de jogos em nuvem e de assinatura de jogos como o Xbox Game Pass”.

As políticas da Apple são bastante restritivas: a empresa limita “clientes de desktops remotos” a dispositivos que pertençam ao usuário, como um console próprio, e os dois aparelhos – tanto o celular quanto o console – precisam estar conectados a uma rede local. Isso impede que os celulares transmitam jogos a partir de servidores da Microsoft, impossibilitando o funcionamento do serviço em iPhones.

O Google também não oferece o Stadia em dispositivos da empresa. O Steam Link, da Valve, que transmite jogos do computador do usuário, demorou quase um ano para ser aprovado pela Apple e disponibilizado na App Store. A Apple defendeu sua decisão de bloquear serviços de jogos em nuvem: “nossos clientes desfrutam de ótimos aplicativos e jogos de milhões de desenvolvedores, e os serviços de jogos podem ser absolutamente incluídos na App Store, desde que sigam o mesmo conjunto de diretrizes aplicáveis ​​a todos os desenvolvedores, incluindo o envio de jogos individualmente para revisão”.

O argumento da Apple é que a empresa não pode revisar individualmente os jogos oferecidos em serviços de streaming – mas o mesmo argumento não vale para serviços como Netflix ou YouTube que transmitem milhões de vídeos, programas de TV e filmes para dispositivos iOS os quais a Apple não pode avaliar.

Via: The Verge

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital