Um dos maiores lançamentos no mercado de games deste ano, “Horizon Zero Dawn” rendeu críticas muito positivas na imprensa especializada. Contudo, o game de ação exclusivo do PS4 não agradou a todos, e tem sido acusado de perpetuar racismo e até por “apropriação cultural”.
A acusação partiu de Dia Lacina, uma escritora de descendência indígena, que publicou um longo artigo a esse respeito na plataforma Medium. Segundo Dia, o que “Horizon” faz é reforçar estereótipos e preconceitos contra a população indígena, especialmente no vocabulário dos personagens.
Ao longo da história de “Horizon”, quatro termos são usados com certa frequência para descrever as tribos fictícias do game: “selvagens”, “bravos”, “primitivos” e “tribais”. Na visão de Dia, esse é o problema.
“O uso inquestionável de palavras como ‘primitivo’ e ‘selvagem’ para descrever símbolos culturalmente apropriados em grandes plataformas de mídia serve apenas para reforçar ideias racistas e colonialistas a respeito da população indígena”, defende a escritora.
Ela acrescenta ainda que “quase todos os aspectos do universo criado para ‘Horizon’ foram elogiados”, ao mesmo tempo em que os críticos, aparentemente, “ignoram o fato de que esses elementos únicos e inéditos em construção de universos foram retirados quase totalmente das nossas culturas”.
O site Waypoint falou com a Guerrilla Games, desenvolvedora de “Horizon”, para que o estúdio pudesse responder às acusações. John Gonzales, diretor de narrativa do game, diz que o estúdio não teve a intenção de ofender o público e que muito do período de pré-produção do game foi empregado no estudo e pesquisa de termos e elementos culturais de diversos povos.
“Não buscamos inpiração em um único grupo, mas fizemos pesquisas em diversas culturas tribais ao redor do mundo e também ao longo da história. É por isso que tanta gente diz que os Nora são como os vikings, ou porque há tantos elementos reminiscentes de pictogramas celtas. A inspiração veio de vários lugares”, disse Gonzales.
O diretor de “Horizon” também disse que a equipe tomou muito cuidado na escolha dos termos e na definição do vocabulário que seria usado no roteiro. No caso do termo “bravo”, por exemplo, Gonzales diz que os produtores estavam em busca de uma palavra que combinasse as ideias de “guerreiros” e “caçadores”.
Após muitas discussões, os desenvolvedores chegaram à conclusão de que aquele não era um termo depreciativo. Mas, apesar disso, Gonzales admite que “Horizon” não poderia agradar a todos. “Com o tipo de cultura que temos hoje na internet, é impossível prever o que pode ser ofensivo ou não”, disse o diretor.