Inteligência artificial consegue recriar fases de ‘Super Mario’

Daniel Junqueira11/09/2017 21h03, atualizada em 11/09/2017 21h50

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É comum cientistas usarem inteligências artificiais para realizar tarefas que humanos não conseguem completar, como vencer um jogo. O que não é comum é pesquisadores usarem essas tecnologias para realizar outra tarefa que pode ser feita por humanos, como criar um jogo.

Cientistas do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos EUA, querem que inteligências artificiais consigam imitar o design de jogos. Ou seja, eles colocam AIs para jogar, mas não com o objetivo de torná-las especialistas no game, e sim para que elas consigam recriá-lo.

A inteligência artificial precisa assistir a apenas dois minutos de alguém jogando alguma coisa – para o estudo, os cientistas usaram vídeos de speedrunners – e, a partir das imagens, consegue criar um modelo preciso com as físicas e características de um jogo de plataforma em duas dimensões, como “Super Mario Bros.”, “Mega Man” ou “Sonic the Hedgehog”, para ficar nos jogos usados durante o experimento.

O resultado foi uma recriação das fases dos games clássicos com praticamente todas as características do jogo original. “Nossa inteligência artificial cria um modelo sem precisar acessar o código do jogo, e consegue fazer previsões de eventos futuros com mais precisão do que as [inteligências artificiais] com redes neurais complexas”, explicou o pesquisador Matthew Guzdial, um dos responsáveis pelo estudo. “Um único vídeo não vai produzir um clone perfeito do jogo original, mas, ao treinar a inteligência artificial com mais alguns vídeos, nós conseguimos algo bem próximo”, continuou.

Para testar se o jogo clonado era de fato parecido com o original, os pesquisadores colocaram uma segunda inteligência artificial para atravessar os estágios recriados pela primeira. Com isso, eles observaram que as diferenças entre a versão original e a clonada eram mínimas, e o jogo criado pela inteligência artificial poderia muito bem se passar pelo verdadeiro.

Por enquanto, o sistema é limitado a jogos de plataforma 2D, e é possível que jamais saia disso: conseguir desenvolver uma inteligência artificial capaz de recriar todo um mundo em três dimensões é consideravelmente mais complexo e levaria muito mais tempo, além de exigir tecnologia mais avançada do que existe atualmente.

Mas os pesquisadores não acham que esse será o fim da tecnologia. Eles querem usá-la no mundo real, para ajudar a fazer máquinas compreenderem algumas coisas da mesma forma como fazem os humanos.

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital