Google agora também produz seus próprios chips

Renato Santino19/05/2016 23h23

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Entre as várias coisas que o Google I/O revelou sobre o futuro do Google, uma novidade importante passou meio que despercebida da apresentação principal. Agora o Google fabrica chips, colocando a gigante em um território dominado por empresas como Intel e Nvidia.

Os chips do Google têm uma função bem específica, no entanto. Chamado de TPU (Tensor Processor Units), eles serão usados nos datacenters da companhia para gerar o poder computacional necessário para manter os esforços crescentes da companhia na área de inteligência artificial.

A mudança vem graças à necessidade de expansão do poder computacional por parte do Google para manter os seus serviços funcionando bem. A companhia sempre precisa de chips melhores, capazes de manter o desempenho de alto nível em seus servidores, mas também economizando energia, porque ninguém gosta de desperdiçar dinheiro. Daí surgiu o TPU, que, também é uma forma de atrair empresas e desenvolvedores a se manter dentro do ecossistema Google de nuvem e IA, prometendo um desempenho melhor que o da concorrência.

O TPU recebe este nome por ser usado para sustentar o TensorFlow, um software que comanda as redes neurais do Google, capazes de aprender como realizar tarefas ao analisar um volume enorme de dados e reconhecer padrões. Por exemplo: o Google Fotos reconhece as imagens que têm um cachorro por ter sido alimentado com milhões de fotos de cachorros no passado.

Normalmente, essa tarefa seria dedicada a GPUs, conhecidas na linguagem popular como placas de vídeo, que normalmente são usadas para processar gráficos de jogos e outras aplicações que dependam de gráficos; no entanto, elas também são mais adequadas do que CPUs (os processadores convencionais) para o tipo de cálculos necessários para manter as redes neurais como a do Google. No entanto, a empresa dz que o TPU é ainda mais eficiente, já que eles foram criados especificamente para esta função, precisando de menos transistores para cada operação, permitindo um maior número de operações por segundo.

O Google diz que ainda não abandonou os chips convencionais para a tarefa de lidar com inteligência artificial, pelo menos por enquanto. Apenas uma parte do processamento é feito por TPUs, enquanto boa parte ainda é mantida por GPUs, e as CPUs ainda são parte importante do trabalho. Mas quanto tempo mais até o Google começar a produzir estes chips também?

Os maiores impactados pela mudança podem ser gigantes como a Intel e a Nvidia. O Google não deve licenciar seu chip para outras empresas, mas, ao mesmo tempo, deve deixar de comprar de outros fornecedores. Uma companhia tão grande, com datacenters enormes espalhados por vários pontos do mundo é uma cliente importantíssima e altamente lucrativa, e isso pode afetar diretamente a indústria de chips. Resta saber qual será o tamanho do buraco causado nestas empresas, e se o Google vai ditar uma tendência entre concorrentes, que pode ser ainda mais danoso para os negócios das companhias que vivem de criar e produzir processadores e placas de vídeo para servidores.

Via Wired

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital