Interfaces que transformam a atividade cerebral de uma pessoa em comandos para máquinas já existem há algum tempo, com aplicações que vão desde a construção civil até o tratamento de deficiência motoras. A novidade é o uso dessa tecnologia no mundo dos games cada vez mais imersivos.
Uma empresa norte-americana chamada Neurable apresentou nesta semana, num evento sobre computação gráfica e games nos EUA, a demonstração de um conceito inusitado: jogos em realidade virtual controlados pelo “poder da mente” do usuário.
A invenção da Neurable é um headset equipado com eletrodos não invasivos capazes de detectar padrões de atividade cerebral. Essa touca é ligada a um visor de realidade virtual, o HTC Vive, e funciona como o controle para um game chamado “The Awakening”, desenvolvido por uma empresa parceira.
No game, o jogador controla uma criança presa como cobaia num laboratório secreto do governo. Seu objetivo é fugir do local usando seus recém-descobertos poderes telecinéticos – a capacidade de manipular objetos com a mente. É aí que a interface cérebro-máquina da Neurable entra em ação.
A touca com eletrodos detecta a atividade cerebral do usuário, enquanto um algoritmo de inteligência artificial transforma esses padrões de comportamento em um de dois comandos possíveis: segurar um objeto ou atirar o tal objeto contra um inimigo. A movimentação do personagem principal é feita automaticamente.
“A demonstração mostra que você pode tomar decisões em realidade virtual apenas usando o seu cérebro”, explicou Joaquín Ruipérez, presidente da Estudiofuture, empresa que criou o jogo para a Neurable, em entrevista ao site Digital Trends. “O mais incrível é que funciona de verdade.”
Por enquanto, o jogo “The Awakening” existe apenas como uma demonstração do que o headset “leitor de pensamentos” da Neurable é capaz de fazer. O dispositivo, em si, também está em fase de desenvolvimento e ainda não pode ser comprado.