Empresas chinesas de tecnologia, entre elas a Huawei, expressaram preocupação com a venda da inglesa ARM Holdings para a Nvidia, um negócio avaliado em US$ 40 bilhões e anunciado em meados de setembro.

Segundo a Bloomberg, elas estão pressionando a “State Administration for Market Regulation” (SAMR – Administração Estatal para Regulamentação do Mercado), órgão chinês que regula concorrência, propriedade intelectual e fiscaliza monopólios, para que condicione a aprovação da venda a garantias de que continuarão tendo acesso à tecnologia da empresa, ou então que rejeite a venda como um todo.

Com a transação, a ARM Holdings, que é baseada em Cambridge, no Reino Unido, fica sob jurisdição do governo dos EUA. As empresas chinesas temem que com isso elas possam ser impedidas de usar a tecnologia da empresa, o que seria devastador para o mercado chinês.

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Chips com tecnologia ARM são usados por inúmeros fabricantes. Foto: Reprodução

Isso porque os processadores usados em todos os smartphones no mercado, bem como consoles de videogame e inúmeros aparelhos eletrônicos, de “smart devices” a equipamentos de infraestrutura de rede, são baseados na arquitetura ARM, que é licenciada a fabricantes em todo o mundo. Entre eles empresas como Broadcom, Qualcomm, Samsung, Apple, Nvidia, MediaTek, Rockchip, Amlogic, Unisoc e muitas outras.

O temor é reflexo de sanções que o governo dos EUA impôs à Huawei, impedido que empresas baseadas nos EUA ou cujos produtos contém “tecnologia originária dos EUA” façam negócios com ela. Com isso a Huawei perdeu acesso aos serviços do Google, essenciais em um smartphone Android, e foi forçada a encerrar a fabricação dos seus processadores Kirin, pois são produzidos pela taiwanesa TSMC usando “tecnologia originária dos EUA”.

O governo chinês tem o poder de barrar a venda pois é o maior mercado de semicondutores no mundo, importanto anualmente o equivalente a US$ 300 bilhões em chips. No passado o país já exerceu este poder ao adiar por 21 meses a aprovação da aquisição da holandesa NXP Semiconductors pela norte-americana Qualcomm, o que levou esta a desistir do negócio.

Além da China, a aquisição da ARM pela Nvidia também precisa ser aprovada pelos EUA e pela União Européia, algo que segundo as empresas ainda pode levar “até 18 meses”.

Fonte: Bloomberg