Uso de software espião cresce 228% no Brasil, diz Kaspersky

'Stalkerware' pode colocar em risco a segurança digital, física e até mesmo psicológica de suas vítimas. Veja como se proteger
Rafael Rigues02/10/2019 17h48

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Você sabe o que é “stalkerware”? São programas espiões projetados para monitorar todo o uso de um aparelho e invadir a vida pessoal de suas vítimas. Com ele, um estranho consegue acessar mensagens, fotos, redes sociais, localização e gravações de áudio ou da câmera no dispositivo da vítima – e em alguns casos, isso pode ser feito em tempo real.

Ao contrário dos aplicativos legítimos de controle para pais, que permitem que pais monitorem a atividade dos filhos, esses programas são executados em segundo plano de forma a permanecer ocultos e são instalados sem o conhecimento ou o consentimento do dono do dispositivo. Muitas vezes, são promovidos como software para espionar um parceiro ou parceira.

Esta é uma ameaça crescente. Segundo a Kaspersky, com base em informações de sua rede de segurança, nos oito primeiros meses de 2019 37.532 usuários únicos em todo o mundo foram alvo de pelo menos uma tentativa de instalação de stalkerware em seu dispositivo – um crescimento de 35% em relação a 2018.

No Brasil, a situação é pior: neste ano 4.041 usuários únicos foram alvo deste tipo de software, um crescimento de 228% em relação a 2018, quando foram 1.232 usuários foram o alvo.

Além disso, mais variações de stalkerware foram disponibilizadas no mercado. Nos oito primeiros meses de 2018, a Kaspersky identificou 290 variantes potencialmente perigosas. Em 2019, esse número aumentou em quase um terço, chegando a 380.

Para Erica Olsen, diretora do Safety Net Project na National Network to End Domestic Violence, os stalkerware aumentam significativamente os riscos à segurança de suas vítimas. “Quando desenvolvidos para operar completamente em modo furtivo, ou seja, sem nenhuma notificação ao proprietário do dispositivo, estes programas fornecem a agressores e assediadores uma ferramenta completa para cometer assédio, monitoramento, perseguição e abusos. Esse tipo de experiência pode ser aterrorizante, traumatizante e ainda levar a riscos de segurança significativos. É importante tratar tanto a disponibilidade destes aplicativos quanto seu uso como uma ferramenta de abuso.”

Como se proteger?

Segundo a Kaspersky, existem medidas que o usuário pode tomar para se proteger do stalkerware:

Bloqueie a instalação de programas de origem desconhecida nas configurações do seu smartphone.
• Nunca revele a senha ou o PIN de seu dispositivo, mesmo para pessoas em quem você confia.
• Não guarde arquivos ou aplicativos desconhecidos em seu dispositivo, pois eles podem colocar sua privacidade em risco.
• Quando sair de um relacionamento, altere todas as configurações de segurança de seu dispositivo. Um ex-parceiro pode tentar adquirir informações pessoais para manipular você.
• Verifique a lista de apps no dispositivo para descobrir se algum app suspeito foi instalado sem o seu consentimento.
• Use uma solução de segurança confiável. Veja nossas recomendações.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital