Bitcoins e criptomoedas em geral são um negócio arriscado. No entanto, elas se tornam ainda mais arriscados quando chegam com a promessa de ganhos constantes por parte de empresas que, normalmente, estão praticando um esquema de pirâmide. A BWA, uma companhia suspeita de praticar esse esquema, é um exemplo desse risco: agora oficialmente em recuperação judicial, a companhia gerou um prejuízo estimado em R$ 300 milhões aos clientes.

Investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, a empresa é suspeita também de estelionato e lavagem de dinheiro. Todas as acusações são negadas veemementemente pelos seus advogados, que dizem que a empresa trabalha para ressarcir todos os seus credores.

São 1.897 pessoas que perderam o dinheiro investido na plataforma. Eles chegavam atraídos por indicações de amigos e pelas promessas de ganhos constantes, o que normalmente é um indicador de pirâmide: o investimento de novos usuários é usado para pagar os antigos, criando um cenário em que novos clientes se tornam obrigatórios para sustentar o esquema, até que não haja mais pessoas suficientes e o sistema invariavelmente entre em colapso.

Os representantes da BWA, no entanto, negam que era essa a prática, afirmando que se tratava de um “clube de elite”, que dependia do pagamento de R$ 30 mil para que alguém fosse aceito. O dinheiro viria da operação de compra e venda de criptomoedas, gerando lucros recorrentes que permitiriam pagar rendimento fixo aos clientes.

A defesa também defende que não a empresa não era nenhum tipo de armação. Não é incomum em golpes com bitcoins que os responsáveis simplesmente desapareçam com o dinheiro das vítimas. Segundo conta ao G1 o advogado José Luis Macedo, a recuperação judicial é uma demonstração da intenção da empresa em devolver o dinheiro dos seus clientes. Do outro lado, no entanto, há revolta com o pedido, que na prática congela as dívidas da empresa e a exime de pagar seus credores por algum tempo.

Uma história polêmica

A questão da BWA começou a se tornar preocupante para seus clientes no fim de 2019, quando a empresa começou a bloquear saques. Foi quando a Justiça começou a prestar atenção nas atividades da empresa e começou a agir de forma mais firme contra a empresa.

Uma pesquisa rápida no Google sobre a BWA mostra que a empresa vem colecionando polêmicas. Em janeiro deste ano, a Justiça alertou que os sócios da empresa não poderiam deixar o Brasil por suspeita de atuação fraudulenta e confiscou bens e passaportes de 6 pessoas ligadas à empresa. Quando isso aconteceu, um de seus fundadores, Paulo Bilibio, já estava nos Estados Unidos.

Bilibio também se envolveu em uma situação insólita. Ele acusou policiais de sequestrá-lo a mando de um outro empresário, Guilherme Aere dos Santos, que teria sido seu cliente. Em sua acusação, Bilibio dizia que os policiais o acusavam de ter praticado um golpe e teria que pagar por isso.