Site expõe endereço e até o nome da mãe de brasileiros com uma busca pelo CPF

Renato Santino28/02/2018 20h55, atualizada em 28/02/2018 21h10

20180228181037

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

De tempos em tempos, ressurge um dos problemas mais graves da internet: sites que catalogam informações pessoais e sigilosas de milhões de brasileiros, bastando apenas realizar uma busca simples pelo CPF de uma pessoa.

A página, de nome Btcmt ou “Consulta Pública”, chamou a atenção por registrar informações altamente pessoais, incluindo endereço, data de nascimento e até mesmo o nome da mãe da pessoa cujo CPF foi buscado na plataforma. O site UOL Tecnologia diz que, em um teste com um CPF de um membro da equipe que havia se mudado para uma nova casa há apenas um mês, a página retornou o novo endereço, indicando que o banco de dados é recente.

Nos testes do Olhar Digital, as buscas por CPF não surtiram resultado e não retornaram nenhuma informação, mas outros veículos conseguiram puxar informações privadas nos testes. Ao que tudo indica, a repercussão pode ter feito com que o serviço fosse, pelo menos temporariamente, desativado.

Em casos como esses é quase impossível saber de onde vêm os dados. O “Tudo sobre Todos”, outro site que oferecia informações pessoais, por exemplo, dizia que todas as suas informações haviam sido coletadas por meio de bancos de dados públicos. Isso dito, ainda que todos esses dados sejam acessíveis de outras formas, apresentá-los desta forma ainda configura uma grande violação da privacidade. Existe também a grande possibilidade de que essas informações tenham sido compradas ilegalmente de alguma empresa que mantenha um banco de dados extenso. Muitas vezes funcionários dessas empresas acabam tendo acesso a esses dados e se apropriam deles indevidamente, repassando-os para quem topar pagar.

Uma coisa que o “Btcmt” tem de diferente de outros sites similares que surgiram no passado é que ele não se importa em parecer legítimo. Sua interface é bem tosca e não há qualquer link que indique de onde o site é; normalmente essas páginas são vinculadas a localidades remotas e paraísos fiscais como a ilha de Seicheles, dificultando a ação das autoridades brasileiras. A única informação que se tem pode muito bem ser falsa: o domínio da página foi criado no dia em 9 de novembro do ano passado com o nome e o CPF de um médico gastrocirurgião de São Paulo, que pode nem estar ciente do envolvimento de seu nome nessa empreitada.

Reprodução

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital